A recriação de uma espécie de CPMF provocará reação contra o governo entre empresários. É que o mundo empresarial está dividido. Existem os bolsonaristas-raiz, dispostos até a financiar compra de rádio para divulgar as mensagens do presidente, mas há os que já desembarcaram o apoio ao governo por vários dissabores nesses um ano e nove meses de gestão.
A criação dessa CPMF, ou imposto digital, como informou a coluna Radar Econômico, certamente aumentará essa rejeição. O “novo velho” imposto tem a antipatia de nove em cada dez economistas, que afirmam que o tributo é considerado distorsivo, regressivo e cumulativo. Em outras palavras: desvirtua os preços, pesa relativamente mais sobre os pobres, e, por ser cobrado em todas as transações, acumula-se e acaba ficando muito alto.
ASSINE VEJA
Clique e AssineQuem tem explicado esse efeito com maestria aqui em VEJA é o ex-ministro Mailson da Nóbrega. O presidente Jair Bolsonaro já falou várias vezes que não criaria imposto, mas se ceder… isso lhe será cobrado em 2022. O efeito imediato é ter contra si muita gente do setor produtivo, oposição entre economistas, e parlamentares que já se posicionaram contra, inclusive o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.
Segundo o Radar Econômico, o ministro da Economia, Paulo Guedes, apresentou as contas para o presidente, apontando ser a melhor saída para a reforma tributária. Sem o dito cujo, teria de haver outras manobras para desonerar a folha de pagamentos, como a taxação de dividendos. O novo imposto subsidiaria a desoneração de alguns setores e das igrejas, desejo antigo de Bolsonaro.
Já a afirmação de que será um imposto para “transações digitais” é uma forma de dar ar de modernidade a um imposto velho, e que não deixou saudades. A verdade é que incidirá sobre todos os pagamentos e todas as transações, digitais ou analógicas que ocorrerem na economia. Será mais amplo e mais pesado do que o velho imposto do cheque, a antiga e ultrapassada CPMF.