O retorno do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa ao debate público mostrando como Jair Bolsonaro é visto no exterior – e apoiando Lula para presidência do Brasil em 2023 – fez muito bem a essa nação esfarelada, esfacelada por um grupo: a extrema-direita.
Joaquim Barbosa é aquele apoio acima de qualquer suspeita.
Como repórter em Brasília, cobri o escândalo do mensalão para a revista Época. Ele não fechou os olhos, nem a imprensa. Foi pelo veículo que vi o dinheiro de corrupção entregue a base do governo PT – comprando o parlamento brasileiro – sendo sacado em agências do Banco Rural. Naquele momento, um sonho… virou pesadelo.
Mas de que forma mesmo que continuam a querer comparar Lula com Bolsonaro? É a escória mesmo, que defende a tortura de mulheres grávidas aos 19 anos, que vamos relativizar? É a escória que imita um paciente com falta de ar quando mais de três mil brasileiros morriam diariamente nos hospitais sem oxigênio?
Que sociedade brasileira é esta?
Onde estão meus compatriotas que acreditam de verdade no “verás que um filho teu não foge à luta?”. Eu não sei. Ando confuso à medida que se aproximam as eleições. O país – banalizando o mal, se deixando banalizar pelo mal – gera confusão em inúmeros países, não só no próprio Brasil.
Disse Joaquim Barbosa:
“Em 2018, eu alertei os brasileiros de que Jair Bolsonaro seria uma péssima escolha para a Presidência da República. Bolsonaro não é um homem sério, não serve para governar um país como o nosso, não está à altura, não tem dignidade para ocupar um cargo dessa relevância”.
Pensei que tivesse ouvido tudo, mas veio uma verdade absoluta:
“Nas grandes democracias, Bolsonaro é visto como um ser humano abjeto, desprezível, uma pessoa a ser evitada. Esse isolamento internacional é muito ruim para o nosso país”.
“Abjeto, desprezível”, disse ele.
Este colunista, ao lado de Rubens Valente, escreveu a única reportagem que contestou qualquer ato público de Joaquim Barbosa. O ex-ministro fez uma bela defesa, mas estava ali sendo contraditado pelo jornalismo que investiga a todos que exercem cargos públicos.
E sem exceção. Por conta da reportagem, nunca mais o ex-presidente do STF me atendeu.
Mas o que Joaquim Barbosa afirma depois de tudo o que disse sobre Bolsonaro nesta terça, 27, cabe ao jornalismo sério e isento – que cobriu também o sítio de Atibaia anulado – informar!
O ministro – aquele mesmo relator do processo do mensalão do PT que descortinou a inocência da esquerda sul-americana – afirmou: “É preciso votar já em Lula no primeiro turno para encerrar essa eleição no próximo domingo”.
Bem-vindo de volta, Joaquim Barbosa.