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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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A reconquista de uma bandeira

Evento na USP tenta resgatar a verde a amarela, símbolo de todos

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 ago 2022, 11h37 - Publicado em 11 ago 2022, 16h26

O dia 11 de agosto de 2022 vai entrar para a história do Brasil. A Universidade de São Paulo (USP) foi o palco de um evento extremamente plural, democrático e cheio de simbolismos para todo o país.

Entre as muitas vitórias conquistadas pela carta em defesa da democracia apresentada hoje, a principal foi a tentativa da recuperação da bandeira do Brasil como um símbolo de todos os brasileiros e não de um lado político extremista.

A bandeira brilhou em meio à multidão. O hino nacional também. E o recado foi dado, enquanto se defendia o Estado de Direito: a nossa bandeira não tem um dono. Todos os brasileiros têm o direito de levantar o mais belo símbolo da nossa nação.

Mas por que foi tão importante? Por que o recado era tão necessário?

Na época da ditadura, a extrema-direita tentou sequestrar a bandeira e as cores verde e amarelo. Naquele tempo, a frase “ame-o ou deixe-o” tinha um significado radical: só ama o Brasil quem concorda com a ditadura, só faz parte do país quem ama o regime que apoia o fechamento do Congresso, troca de ministros do Supremo, censura à imprensa, tortura, cassação ou morte a opositores.

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Agora, em 2022, o bolsonarismo e a extrema-direita tentam fazer a mesma coisa. Ver a bandeira se sobressaindo no evento desta quinta é uma vitória sobre o pensamento daqueles que querem partir o país em dois.

O evento de hoje foi plural. Às vésperas da eleição que extrapolou a polarização política para a violência, enquanto muitos tentam dividir o Brasil em dois lados, a carta pela democracia mostra a importância da unidade.

Juristas, estudiosos, pesquisadores, artistas, ex-ministros do STF e até candidatos à Presidência da República colocaram seus nomes no documento, concordando que o Brasil precisa urgentemente de união em torno da democracia.

A carta de hoje é uma referência simbólica à carta aos brasileiros assinada em 1977, em meio à ditadura. Há 45 anos, o documento foi assinado apenas por juristas, já que a ditadura não abria espaço para manifestações. Agora, a carta é assinada por inúmeros atores diferentes, cada um representando uma parcela relevante da sociedade. Da UNE ao pesado PIB empresarial. Das centrais sindicais a banqueiros.

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O documento é tão plural que une políticos de centro-direita, esquerda e centro-esquerda. Os presidenciáveis Lula, Ciro Gomes e Simone Tebet, por exemplo, deixaram de lado as desavenças e defenderam a carta em suas redes sociais.

A democracia é plural, mas não aceita ataques aos seus fundamentos e instituições. A democracia abraça a todos, valoriza a todos e respeita o espaço de todos, desde que as ideias estejam abarcadas na constituição.

Levantar a bandeira, cantar o hino e se posicionar a favor do Estado Democrático de Direito é um recado dos brasileiros cansados do extremismo. É hora de se unir. É hora de trabalhar pelo país que não está disposto a negociar valores fundamentais e universais. É hora de buscar reconquistar a bandeira e a esperança dos brasileiros.

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