Eleito com um discurso de austeridade e defesa da redução dos gastos públicos, Jair Bolsonaro está virando o político campeão no uso do cartão corporativo.
O atual presidente está batendo todos os recordes de gastos de seus antecessores e mostra que a “nova política” – aquela que ele jurou que iria implantar mesmo sendo um parlamentar de carreira – nunca ocorreu.
Como VEJA revelou no início do mês, foram usados R$ 21 milhões de reais, sendo 2,6 milhões exclusivamente para a compra de alimentos para as residências oficiais de Bolsonaro e do vice Hamilton Mourão.
O presidente tem gastos mensais maiores do que os de Dilma e Temer.
Em 2022, ano eleitoral, os gastos aumentaram ainda mais. Segundo reportagem da Folha nesta segunda, 20, o presidente já atingiu o patamar de R$ 1,2 milhão gasto por mês no cartão este ano.
Sob o pretexto de cumprir agenda de governo, ele permanece fazendo sua campanha eleitoral antecipada de forma irregular em inaugurações e eventos para se promover às custas do cartão pago com o dinheiro dos brasileiros.
A postura contradiz o discurso que Bolsonaro usou durante sua campanha em 2018. Naquela época, para conquistar votos, chegou a cogitar a possibilidade de acabar com o cartão corporativo. Agora, se beneficia dele e utiliza os recursos para viajar pelo país, enaltecendo sua gestão em busca da reeleição.
Muito antes disso, em 2008, quando ainda era deputado federal, Jair Bolsonaro criticou o então presidente Lula por não permitir a investigação dos cartões corporativos.
Agora, os gastos permanecem sob sigilo e Bolsonaro não faz questão nenhuma de mudar isso. No início da gestão, prometeu que abriria os valores dos gastos, mas não cumpriu a promessa até hoje. Nem vai cumprir. VEJA, por exemplo, teve acesso a um relatório sigiloso do Tribunal de Contas para mostrar os gastos abusivos.
O presidente está cometendo dois desmandos graves: faz campanha antecipada usando um cartão, que não foi criado para esse propósito. Bolsonaro precisa prestar contas ou parar de fingir que se importa com o bom uso do dinheiro público. Seus gastos e atitudes mostram exatamente o contrário.
É o BolsoCaro atacando de novo.