A 6 dias das eleições e tentando conquistar votos de eleitores de Ciro Gomes (PDT) enquanto é atacado pelo adversário, o ex-presidente Lula (PT) deu uma estocada no pedetista neste domingo, 25. Durante evento no Rio de Janeiro, o petista afirmou ter certeza de que Leonel Brizola, fundador do PDT, estaria ao seu lado se estivesse vivo.
“Eu estou vendo aqui o neto do Brizola, o Leonel. Se o Brizola estivesse aqui, o Brizola estava junto conosco aqui pedindo ‘fora, Bolsonaro’. Eu tenho certeza disso, eu tenho certeza absoluta que o Brizola estaria do nosso lado”, disse Lula.
A frase é uma baita alfinetada em Ciro.
Tentando conquistar a Presidência da República pela quarta vez pelo PDT, o candidato está surpreendendo negativamente ao centralizar seus ataques em Lula. Em nome da democracia, Ciro poderia estar inclusive apoiando o petista para resolver a eleição já no primeiro turno. Mas tem feito o contrário disso.
Como esta coluna mostrou, o debate do último sábado, 24, deixou claro que Ciro assumiu o papel de linha auxiliar do presidente Jair Bolsonaro, que representa o radicalismo da extrema direita.
A postura de Ciro de “pegar leve” com Bolsonaro não faz nenhum sentido politicamente falando, já que quem vota em Ciro no primeiro turno dificilmente votará no atual presidente numa segunda etapa da disputa. É provável que os votos de Ciro, em sua maioria, migrem para Lula.
Ao citar Brizola e dizer que o fundador do PDT estaria ao seu lado, Lula quer dizer que Ciro não tem a alma do Partido Democrático Trabalhista, embora esteja concorrendo pela legenda. Brizola é a alma do PDT. Ciro está fugindo completamente do que sempre quis o fundador da legenda.
Com ofensas que incluem chamar Lula de “fascistoide”, Ciro se perdeu.
Nesta segunda, 26, Ciro fez um pronunciamento no qual voltou a criticar Lula e a ideia de voto útil que tem sido adotada pela campanha do ex-presidente na tentativa de resolver a eleição já no dia 2 de outubro. Sem citar o nome de Lula, o pedetista criticou o que chamou de campanha “virulenta” contra sua candidatura.
“Agora, na reta final da campanha mais vazia da história, embalam tudo no falso argumento do voto útil. Com essa pregação, querem eliminar a liberdade das pessoas de votar. No regime de dois turnos, primeiro [votar] no candidato que mais representa seus valores e, se for o caso, optar depois por aquele que mais se aproxime de suas ideias”, afirmou Ciro.
O ego parece estar atrapalhando mais uma vez o pedetista e, se houver segundo turno, é bem provável que a sua postura seja a de fugir, como fez em 2018, quando foi para Paris em vez de apoiar Fernando Haddad.
É lamentável que, mesmo com uma extensa carreira pública, Ciro ainda esteja errando no beabá da política.