O presidente Jair Bolsonaro adora repetir que a imprensa brasileira tem obsessão pelo tema ditadura militar (1964-1985). É mais uma de suas mentiras.
Ele mesmo, o presidente, que vive obcecado por ditaduras. Volta e meia, desde que assumiu a presidência, Bolsonaro faz alguma louvação ao Golpe de 64.
Quando era deputado defendeu a tortura a opositores do regime, em mais de uma ocasião, dentro do Congresso Nacional, poder que chegou a ser fechado pelo regime militar.
Todos lembram o voto nefasto no impeachment de Dilma Rousseff, quando Jair Bolsonaro citou o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra.
No dia da homenagem da Câmara ao ex-deputado Rubens Paiva, um dos muitos desaparecidos políticos brasileiros, o presidente cuspiu no busto do ex-parlamentar na frente dos seus descendentes.
O histórico do presidente que mostra, sim, obsessão em relação ao tema. No Chile, passou vergonha ao manter a mesma postura de fazer elogios a regimes ditatoriais. Tomou um “chega para lá” do presidente Sebastián Piñera.
Agora, às vésperas do Enem, reportagem do jornalista Paulo Saldaña, da Folha, revela que o presidente pediu para que trocassem o termo Golpe de 1964 por “Revolução”, exatamente como os ditadores brasileiros chamavam o regime.O presidente já havia declarado que agora o exame de vestibular “tem a cara do governo”.
Por isso, é mais que oportuna a decisão do Tribunal de Contas de União de abrir processo para investigar suspeitas de irregularidades no Inep, órgão ligado ao Ministério da Educação responsável por desenvolver e aplicar a prova do Enem.