O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, acertou ao defender Minas Gerais logo após a preconceituosa e infeliz declaração do governador do estado, Romeu Zema.
Minas não veio mesmo para dividir.
É um estado central, que tem o norte (Vale do Jequitinhonha) muito parecido, inclusive, com o Nordeste brasileiro.
Tem outra parte parecida com Goiás, de forte produção agrícola, e o sul semelhante a São Paulo.
Enfim, Minas Gerais é um pequeno Brasil e um governador do estado deveria ser o último a fazer uma declaração dessas. Melhor seria se ele ou nenhum outro fizesse.
Pena.
“Se der tratamento bom somente às vaquinhas que produzem pouco e deixar de lado as que estão produzindo muito, as que produzem muito vão começar a reclamar do tratamento”, disse Zema em entrevista para as jornalistas Monica Gugliano e Andreza Matais, que tem repercutido muito mal nos últimos dias por causa da comparação dos estados do Nordeste com “vacas que produzem pouco”.
Em meio à polêmica, Pacheco surgiu para corrigir o colega político mineiro e aproveitar para fazer um importante contraponto.
“Não cultivamos em Minas a cultura da exclusão. JK, o mais ilustre dos mineiros, ao interiorizar e integrar o Brasil, promoveu a lógica da união nacional. Fiquemos com seu exemplo. Ao valoroso povo do Norte e Nordeste, dedico meu apreço e respeito. Somos um só país”, disse muito bem o presidente do Senado.
É importante ressaltar o trecho em que Pacheco cita JK. Juscelino Kubitscheck, mineiro como Zema e o próprio presidente do Senado, foi o responsável por interiorizar a capital da República, exatamente com o objetivo de unificar o Brasil.
O presidente do Senado aproveitou para se diferenciar do governador do estado.
Isso é interessante porque Pacheco, assim, se firma como quadro do centro político, se distanciando da direita que Zema encarna, com suas declarações atrapalhadas.
Outros políticos também estão se afastando dessa declaração. É o caso do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, que, assim como Zema, é do consórcio Sul-Sudeste, mas lembrou que o grupo não tem o objetivo de separar o Brasil.