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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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A diferença marcante entre as reações de Lula e Bolsonaro ao assassinato

Entenda

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 jul 2022, 15h22 - Publicado em 11 jul 2022, 11h18
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  • O assassinato do petista Marcelo Arruda pelo bolsonarista Jorge Garanho é de uma tristeza profunda, e revela o retrato do país em que o Brasil se transformou: intolerante, violento, insensato e… covarde.

    O pior é que um crime como esse era esperado. Lamentavelmente, era mais que esperado.

    As ruas brasileiras estão tomadas pela intolerância política. Falta diálogo. Falta compreensão. Falta reconciliação.

    O caso choca e é ainda mais triste porque ocorreu em um ambiente de festa, onde uma família comemorava um aniversário, com filhos de diversas idades, incluindo um bebê, que fica – agora – órfão de pai.

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    O assassino era um seguidor de Jair Bolsonaro, o presidente da República, que nunca entendeu a liturgia do cargo que ocupa. E usou o poder da cadeira, antes mesmo de ocupá-la, para incitar a violência.

    Como bem lembrou o Radar, Bolsonaro já pegou um tripé de uma câmera de televisão, simulou um fuzil e bradou aos seus apoiadores: “Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre!”.

    Esse não é um caso único.

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    Em outubro de 2018 – a uma semana da eleição –, o então candidato a presidente prometeu enviar a “petralhada” para a “ponta da praia”.

    “Ponta da praia” nada mais é que uma base da Marinha na Restinga de Marambaia, no Rio de Janeiro – um local bastante conhecido entre historiadores por ter sido usado para a execução de presos políticos na ditadura militar.

    Como se sabe, Bolsonaro é um amante do regime que tomou o país de assalto, acabou com a democracia, torturou e matou opositores esquerdistas – iniciando um governo armado por meio de narrativas mentirosas sobre a política nacional em 1964.

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    O presidente constantemente também louva torturadores e suas mais nefastas armas de violações de direitos humanos durante a ditadura. Já disse aqui e repito: foi Bolsonaro quem intoxicou a política brasileira, e não Lula. (Entenda aqui.)

    Só lembro do candidato do PT porque, a 83 dias das eleições, o país testemunha um crime de motivação política. E Lula, que ontem pediu “diálogo, tolerância e paz”, lidera as pesquisas, seguido por Bolsonaro, que mais uma vez não soube usar o cargo para ao menos tentar pacificar o país.

    Que fique registrado: a reação do PT ao crime foi correta. Já Bolsonaro, como sempre, usou o discurso da violência.

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    Volto a dizer: as ruas estão tomadas pela intolerância política.

    Neste domingo 10, fui abordado na rua por um eleitor do ex-presidente Lula. Ele colocou o dedo na minha cara, na frente de testemunhas, e disse para eu “ficar ligado”. Depois, teceu críticas sobre o meu trabalho e o da minha mãe, a jornalista Miriam Leitão.

    São incomparáveis os dois lados, como esta coluna já mostrou algumas vezes.

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    Bolsonaro faz o discurso das armas e usa todo o tempo do governo para exibir o ódio e pregar a eliminação física da oposição. É preciso, contudo, que os adversários políticos de Bolsonaro não respondam na mesma moeda. Lula tem tentado fazer isso, assim como outros candidatos à Presidência.

    Precisamos desarmar os espíritos.

    Que o país saiba escolher, no próximo 2 de outubro, um nome para a Presidência que preze por compreender que é preciso acalmar a população, em todos os sentidos, e buscar a pacificação.

    Ao fim das eleições, independentemente de quem ganhar, seremos todos brasileiros.

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