O governo Lula finalmente liberou o envio ao Congresso da PEC que poderá acabar com um grande mal que o bolsonarismo reacendeu no Brasil: a politização das Forças Armadas.
A existência da Proposta de Emenda à Constituição – e a iniciativa correta de José Múcio, ministro da Defesa, de conter as ideologias nos quartéis – foi revelada pela coluna em março.
Ocorre que, infelizmente, o texto foi alterado em um ponto, na última hora, à pedido de senadores governistas, incluindo o líder do governo no Congresso, Jaques Wagner, que foi ministro da Defesa.
“O ministro José Múcio costurou com os comandantes das Forças Armadas – e com o presidente – para que militares do Exército, Marinha e Aeronáutica que se candidatarem não voltem para a ativa”
“Outro fato importante da Proposta de Emenda Constitucional é: isso valerá para os generais que virarem ministros – caso de Eduardo Pazuello, fiasco como ministro da Saúde, e que ainda fez a desonra de participar de um ato político (e antidemocrático) com Jair Bolsonaro”.
Pois bem.
A parte dos ministros de Estado foi retirado. Jaques Wagner explicou seu ponto – que é um cargo que depende do convite do presidente da República e fez um raciocínio para explicar não é um ato voluntário de se candidatar.
“Ministro também é um cargo político, concordo. Só que é um cargo político de convite. Ninguém é ministro porque quer. É ministro porque é convidado […] para também não parecer discriminação”, disse Jaques Wagner nesta quarta, 30.
Não é bem assim. Muitos políticos – e generais do Exército, como vimos na gestão Bolsonaro – trabalham nos bastidores para receberem o convite para o cargo de ministro.
É um erro do governo Lula deixar a brecha aberta, mesmo que a proposta toda em si seja um avanço importantíssimo contra o avanço nos quartéis.
Segundo a coluna apurou, Otto Alencar, líder do PSD, argumentou ainda mais que Wagner sobre a retirada do cargo de ministros da PEC. Uma bola fora dos dois.