Descrito sempre como habilidoso, mestre das articulações e mago da política, Gilberto Kassab, o presidente do PSD, anda colecionando derrotas nos últimos tempos. Derrotas importantíssimas, inclusive, segundo integrantes do Partido dos Trabalhadores e de outros partidos de esquerda.
Na descrição de importantes nomes da política, Kassab liderou uma legenda que foi se fortalecendo, filiou com pompa o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em meio a um discurso de que teria um candidato próprio, mas a candidatura tem se desintegrado.
O problema maior nem é este. Olhando para os Estados, passaram a perna em Kassab quando o PT conseguiu o ativo de ter ao seu lado o nome de Geraldo Alckmin. O ex-tucano deve seguir para o PSB para ser vice do ex-presidente Lula em 2022.
Com isso, o sonho de Kassab de lançar Alckmin, que lidera as pesquisas de intenção de voto para o governo de São Paulo, também minguou. Perdeu São Paulo, mas também o Rio.
O presidente do PSD sonhava em eleger o governador do Rio e tinha o prefeito Eduardo Paes como nome preferido, mas não verá o nome dele nas urnas eletrônicas. Paes, que é filiado ao partido de Kassab, não concorrerá e permanecerá na prefeitura.
Com os fracassos na busca de candidatos competitivos para São Paulo e Rio, Kassab vê ainda o seu nome para o governo de Minas Gerais, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, pedir publicamente o apoio de Lula à sua candidatura, enquanto ele luta com Pacheco com 1%.
Sim, Kassab saiu do nada e montou um partido com bancada importante no Congresso, como mostrou Veja em sua última edição: a tendência na janela partidária de março é que a legenda já receba um reforço significativo nas duas casas do Legislativo.
O número de cadeiras no Senado pode passar de doze para dezesseis, e na Câmara… de 35 para 43. O problema é que os outros partidos, inclusive o PT, começam a perceber que a robusta bancada do PSD pode, na verdade, encolher nas eleições de 2022, devido a este quadro formado no xadrez político brasileiro. Kassab diz saber jogar xadrez, mas tem ido mal na partida deste ano.
Se os planos para os governos dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais tivessem dado certo, Kassab poderia conquistar, ele mesmo, o posto de vice de Lula, o que, na avaliação do PT, era o sonho do experiente político.
Muita coisa não deu certo e hoje Kassab se vê falando que tem mais de um candidato à presidência (Eduardo Leite seria o outro) – isso, num partido que está rachado em três. Um terço quer o Lula, um terço, o presidente Jair Bolsonaro, e um terço não quer nenhum dos dois.
Com um candidato a presidente que não tem nenhuma condição de vitória, e que pode desistir, a avaliação de caciques de outros partidos pode até estar exagerada, mas faz sim sentido. Kassab, “o mestre”, pode morrer na praia em 2022.