A derrota de Jair Bolsonaro na eleição de 2022 significou o início de um momento ruim para o bolsonarismo, que viu não só a ascensão política de seu principal adversário, Luiz Inácio Lula da Silva, como também a derrocada do ex-presidente, declarado inelegível pela Justiça Eleitoral e alvo de várias investigações e processos judiciais.
Entre os auxiliares mais próximos do ex-presidente, alguns resolveram o seu futuro político já em 2022 ao serem eleitos para o Congresso, como o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) e os ex-ministros Damares Alves (Republicanos), Rogério Marinho (PL), Sergio Moro (União Brasil), Tereza Cristina (PP), Marcos Pontes (PL) e Jorge Seif (PL), todos eleitos senadores. Ciro Nogueira, que já era senador, voltou para o Congresso, onde ainda tinha mais quatro anos de mandato. Outros quatro — Ricardo Salles, Osmar Terra, Marcelo Alvaro Antônio e Eduardo Pazuello — se elegeram deputados. Quem se saiu melhor nas urnas foi Tarcísio de Freitas, eleito governador de São Paulo já em sua estreia eleitoral.
Outros, no entanto, não tiveram a mesma sorte. Alguns inclusive foram arrastados para as investigações judiciais, como os ex-ministros Anderson Torres (Justiça) e Braga Netto (Casa Civil). Ou entraram na mira de CPIs por conta do suposto envolvimento nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, como Augusto Heleno.
Também houve quem saiu derrotado na eleição de 2022, como os ex-ministros João Roma (para o governo da Bahia), Onyx Lorenzoni (governo do Rio Grande do Sul) e Flávia Arruda (Senado pelo Distrito Federal). Lorenzoni afirmou recentemente que vai estudar gestão pública para tentar novamente ao governo gaúcho em 2026 — ele foi derrotado por Eduardo Leite (PSDB) em 2022.
Outros ex-ministros têm pretensões políticas já para 2024. É o caso de Ricardo Salles (que quer disputar a Prefeitura de São Paulo), Marcelo Queiroga (que se filiou ao PL em junho e pode disputar a Prefeitura de João Pessoa) e Gilson Machado, que deve ser candidato ao mesmo cargo em Recife. João Roma, que é presidente do PL na Bahia, não descarta ser candidato à Prefeitura de Salvador.
Alguns aparentemente deixaram de lado a vida pública. Ex-ministro da Economia, Paulo Guedes voltou para a iniciativa privada e anunciou que está escrevendo um livro sobre sua gestão à frente da pasta, que será lançado em 2024. Bento Albuquerque, que chefiou a pasta de Minas e Energia, é consultor na área de energia. Já Bruno Bianco, ex-AGU, e Fábio Faria, ex-ministro das Comunicações, estão no banco BTG.
Um dos mais polêmicos membros da gestão Bolsonaro, Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação, faz vídeos sobre política em seu canal do YouTube. Ricardo Vélez Rodrigues, que ficou à frente do MEC por apenas quatro meses, mantém um blog. Já o ex-chanceler Ernesto Araújo tenta ganhar a vida com um curso online de “Logopolítica”, onde aborda temas como globalismo e a guerra entre Israel e Palestina.
Com passagem rápida pelo Ministério da Saúde, Nelson Teich voltou a atuar como médico e também participa de aulas e palestras. Já Luiz Henrique Mandetta, que ganhou destaque durante a pandemia de Covid-19, está sumido desde que foi derrotado pela ex-colega de Esplanada, Tereza Cristina, na eleição ao Senado pelo Mato Grosso do Sul em 2022. A última publicação em seu perfil nas redes sociais foi feita em setembro. Milton Ribeiro (Educação) e Joaquim Leite (Meio Ambiente) também estão mantendo a discrição, assim como os generais e ex-ministros Luiz Eduardo Ramos e Fernando Azevedo e Silva.
Alguns ex-ministros continuam na vida pública, mas não em cargos eletivos. O caso mais conhecido é o de André Mendonça, que virou ministro do Supremo Tribunal Federal. Já o ex-chanceler Carlos França assumiu a embaixada do Brasil no Canadá em agosto. Wagner Rosario, que era chefe da CGU (Controladoria-Geral da União), agora ocupa cargo semelhante na gestão Tarcísio de Freitas, em São Paulo: ele é o chefe da CGE (Controladoria-Geral do Estado).