O coronel da reserva Ricardo Mello Araújo, que foi escolhido candidato a vice na chapa do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), já foi cogitado para outro posto importante antes: o de secretário estadual da Segurança Pública.
Logo que venceu a eleição ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) recebeu a indicação do ex-comandante da Rota, a tropa de elite da Polícia Militar, para o cargo, mas acabou optando por outro nome oriundo dessa corporação, o deputado federal pelo PL e capitão Guilherme Derrite.
Assim como Derrite, o coronel Mello Araújo tem bom trânsito no círculo bolsonarista e o aval que mais importa, o do ex-presidente Jair Bolsonaro. Antes da vitória de Tarcísio, Mello Araújo foi levado por Bolsonaro para a presidência da Ceagesp, o importante entreposto de alimento da capital de São Paulo. Lá, atraiu os holofotes por militarizar a companhia e continuar defendendo Bolsonaro em meio à pandemia, comprando briga com o ex-governador João Doria, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e o ministro do STF Alexandre de Moraes, todos tidos como inimigos pelo bolsonarismo.
Apesar de fontes próximas ao ex-presidente e ao Palácio dos Bandeirantes confirmarem a história, em contato com a reportagem de VEJA, a assessoria de Tarcísio sustenta que o governador nunca pensou em Mello Araújo para a Segurança Pública, lembrando que, na equipe de transição, Mello integrava o grupo de Agricultura e Abastecimento, exatamente por causa de sua atuação na Ceagesp. Já Derrite estava no grupo da segurança pública e foi um dos responsáveis por formular o plano de ação do governo para a área.
Padrinhos políticos
Tarcísio de Freitas e Jair Bolsonaro foram os principais padrinhos para emplacar a candidatura de Mello Araújo na vaga de vice de Ricardo Nunes. O prefeito tentou adiar o quanto pôde a escolha de alguém muito ligado ao bolsonarismo, escorado em pesquisas que mostram que o apoio do ex-presidente dá, mas também tira votos.
A ideia era buscar alguém que agradasse ao ex-presidente e a todos os partidos da ampla aliança, que tem uma dezena de partidos, mas que não representasse uma ligação tão direta com a direita bolsonarista.
A entrada do coach Pablo Marçal (PRTB) na disputa – e a sua subida nas pesquisas – mudou o ritmo da articulação. Para evitar uma sangria de votos à direita, Tarcísio e Bolsonaro impuseram a Nunes o nome do ex-coronel da Rota para o cargo. A indicação já tem sido explorada de forma crítica pelos adversários do prefeito, em especial Guilherme Boulos (PSOL), o seu principal rival na corrida paulistana.