O dinheiro público recorde que será destinado aos partidos neste ano eleitoral — 6 bilhões de reais, como mostra reportagem de VEJA desta semana — vai fortalecer ainda mais a polarização registrada nas últimas pesquisas eleitorais, que apontam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas primeiras posições.
Bolsonaro tem o apoio praticamente garantido dos três partidos mais importantes do Centrão: o PL (ao qual se filiou no fim de novembro), o PP e o Republicanos. Quando somados os valores que os três receberão do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral, a frente governista terá mais 1,02 bilhão de reais, segundo projeção feita por VEJA . Isso sem contar que a campanha desses partidos ainda deverá receber doações privadas — hoje, a legislação permite o apoio financeiro de pessoas físicas.
Já do lado da frente de oposição de esquerda, a situação financeira também é confortável. O PT, por ter conquistado a maior bancada na última eleição legislativa (2018) — esse é o principal critério para a distribuição das verbas públicas –, é individualmente o partido que terá a maior verba eleitoral (582 milhões de reais). Se Lula conseguir fechar o apoio de PSB, PSOL e PCdoB, a coalizão acumularia praticamente o mesmo valor: 1,1 bilhão de reais. Essas alianças estão sendo negociadas, mas nenhuma está formalmente fechada até o momento.
A soma dessas verbas não será totalmente utilizada nas eleições, e também não servirá apenas para as campanhas presidenciais. Uma parcela significativa do dinheiro é destinada aos candidatos a deputado federal, senador e governador de cada um desses partidos. Mas há um fortalecimento indireto, porque esses postulantes a cargos em assembleias legislativas, governos estaduais e Congresso Nacional servem como cabos eleitorais para quem está na disputa presidencial. Parte da propaganda que promove esses candidatos com frequência também leva a imagem de quem disputa o Planalto.
Nesse cenário, cresce a importância do União Brasil, que nascerá da fusão de PSL e DEM e levará mais de 900 milhões de reais para a eleição. Sem candidato, a sigla é cortejada por Sergio Moro (Podemos), João Doria (PSDB) e Ciro Gomes (PDT), já que a dinheirama poderá ajudar a equilibrar a disputa com o petismo e o bolsonarismo.
Como mostrou a reportagem de VEJA, o montante de verbas públicas garantidas para 2022 já superam o total de gastos das eleições mais caras até agora, as de 2014, mesmo quando é considerada a inflação do período.