‘Tenham paciência’, diz Lula sobre divulgação de ministro da Economia
Ex-presidente participou de reunião em São Paulo com representantes da sociedade civil, incluindo economistas e banqueiros
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu “paciência” nesta segunda-feira, 10, a quem o questiona sobre a escolha de possíveis nomes para sua eventual equipe ministerial.
Durante reunião em São Paulo com representantes da sociedade civil — incluindo o economista André Lara Rezende, um dos pais do Plano Real –, o petista indicou que estava diante de um grupo seleto de prováveis postulantes aos cargos mais importantes da República e se referiu aos convivas como “construtores da governança”.
“Vocês estão vendo que a imprensa me pressiona. ‘Cadê o ministro do Lula? Cadê o ministro da Economia?’ Isso é desde 1989. Se eu fosse bobo e indicasse um ministro antes de ganhar as eleições, eu perderia outros trinta que não indiquei”, disse aos presentes. “Então, tenham paciência, quem estiver querendo ser. Vocês eu sei que são um quadro que vieram me ajudar (…). Porque a gente pode mostrar que tem muito mais gente do que o PT, o PSOL, o PCdoB. E, mais do que tudo, mostrar que tem gente que não é de partido. Gente que, antes de tudo, é brasileiro (…). Se eu ganhar as eleições, vou precisar de vocês, não como eleitores apenas, vou precisar de vocês como construtores da governança que esse país precisa para a gente sair do atoleiro em que nos metemos”, completou o ex-presidente.
Também participaram da reunião organizações como o Todos Pela Educação e o Derrubando Muros — movimento de oposição a Jair Bolsonaro formado por empresários, banqueiros, políticos e intelectuais.
Até o momento, alguns dos nomes cotados para o Ministério da Economia — ou da Fazenda, caso Lula cumpra a promessa de desmembrar o superministério criado por Bolsonaro para Paulo Guedes — são o de Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central nos anos Lula, do deputado federal Alexandre Padilha (PT) e até mesmo o de Geraldo Alckmin.
Críticas a propostas de Bolsonaro para o STF
Na reunião desta segunda-feira, Lula criticou a ideia resgatada por Bolsonaro de se aumentar o número de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) — de 11 para 16 magistrados — e classificou a investida como mais um ataque à “credibilidade das instituições”.
“Um cidadão que está prometendo aumentar o número de ministros na Suprema Corte, na perspectiva de fazer uma Suprema Corte favorável a ele (…). Eu tive a sorte de indicar seis ministros e não indiquei nenhum amigo. Indiquei pelo currículo, e nunca pedi um favor, porque eles não foram indicados pra me ajudar, foram indicados para cumprir o papel da Suprema Corte na constituição”, declarou o ex-presidente.
No último domingo, 9, Bolsonaro disse durante entrevista a um canal no Youtube que pretende analisar o projeto que prevê a ampliação das vagas na Corte. A mudança na configuração, que precisaria ser aprovada pelo Congresso, permitiria ao presidente ter uma maioria de magistrados indicados por ele, o que, em tese, pode fazer com que o Supremo deixe de tomar decisões desfavoráveis ao governo.