Jair Bolsonaro irá às ruas neste domingo, 25, no que deverá ser o maior teste de fogo para seu futuro político. A partir das 15h, o ex-presidente discursa do topo de um enorme caminhão de som para apoiadores convocados por ele na Avenida Paulista, em São Paulo. Essa é a primeira vez que Bolsonaro volta ao principal cartão-postal da cidade desde que deixou a Presidência: a última visita foi no 7 de setembro de 2021, ocasião em que inflamou o público com disparos contra o Supremo Tribunal Federal e o ministro Alexandre de Moraes. No evento de hoje, o ex-presidente estará amparado por dezenas de deputados e senadores, ex-ministros e governadores, entre eles Tarcísio de Freitas (Republicanos), que participam do ato convocado pelo ex-capitão.
O mote do evento, como já declarou em vídeos conclamando os seguidores, deverá ser a defesa aos “valores da direita” — como a liberdade e a família –, à democracia, além, é claro, da denúncia ao que classifica como “perseguição judicial” e “violação de prerrogativas”. Bolsonaro é alvo de cinco inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) — os mais espinhosos são os que investigam as milícias digitais e os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Nessa última frente, o ex-presidente prestaria depoimento à Polícia Federal na última quinta-feira, 22, mas ficou em silêncio durante a oitiva porque sua defesa não teve acesso à “integralidade” dos autos do processo. Dezenas de ex-assessores e aliados, como o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também são alvo da mesma apuração.
Bolsonaro sabe que mesmo uma manifestação bem-sucedida tem poucas chances de mudar os humores do STF, mas aposta todas as suas fichas em ter uma foto da Avenida Paulista lotada, de forma a demonstrar sua capacidade de mobilização. Organizadores do evento, como o pastor Silas Malafaia, demonstram enorme otimismo, falando em, no mínimo 300.000 pessoas.
Apesar da empreitada, Bolsonaro não quer saber de mais enroscos com a Justiça e instruiu os admiradores a não levarem faixas nem cartazes contra instituições como o Supremo e a Polícia Federal. O receio é o de que possíveis manifestações “radicais” de apoiadores sejam usadas como pretexto para o endurecimento da resposta institucional ao ato.
Na linha de frente deste domingo, estarão nomes estrategicamente selecionados. De acordo com a organização, o evento será aberto pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que fará uma oração. Devem fazer discursos os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO) e os senadores Magno Malta (PL-ES) e Rogério Marinho (PL-RN), além de Silas Malafaia, patrocinador e articulador do ato. Também são esperadas falas do governadores presentes: Tarcísio, Ronaldo Caiado (União), de Goiás, e Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina.
O grand-finale será reservado a Bolsonaro, que planeja falar por cerca de trinta minutos. Um terço disso será dedicado a Lula, segundo o capitão confidenciou a seus aliados. Além de atacar a política econômica do atual governo, ele vai explorar a vexaminosa fala do petista comparando o atual conflito na Faixa de Gaza ao Holocausto “O Lula vai tomar uma pancada, mas a manifestação não é para isso. É sobre Bolsonaro se defender e defender o Estado democrático de direito”, diz Malafaia.