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A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Rompimento de Caiado com Bolsonaro amplia fogo cruzado contra Mandetta

Aliado de primeira hora do governador de Goiás, o ministro da Saúde tem dito que só deixará o cargo se o presidente da República resolver demiti-lo

Por Edoardo Ghirotto, Eduardo Gonçalves e Mariana Zylberkan
Atualizado em 25 mar 2020, 14h33 - Publicado em 25 mar 2020, 13h55
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  • O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), nunca esteve em posição tão frágil no governo de Jair Bolsonaro. Mandetta perdeu uma base sólida nesta quarta-feira, 25, após o rompimento do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), com o presidente. As fortes críticas que Caiado direcionou a Bolsonaro fizeram crescer os rumores de que o ministro poderá deixar o cargo em meio à pandemia do coronavírus.

    Caiado era um dos últimos governadores a apoiar Bolsonaro publicamente. Também foi o responsável pela ida de Mandetta para o Ministério da Saúde. A afinidade entre os dois é tamanha que Caiado comprou até briga para defendê-lo na terça-feira, 24, após um deputado do DEM questionar declarações que Mandetta havia dado na imprensa. “Para falar do Mandetta você vai ter que passar por cima de mim”, escreveu Caiado no grupo de WhatsApp do partido.

    Tudo mudou após o pronunciamento que Bolsonaro fez em rede nacional durante a noite, no qual atacou a imprensa e as medidas restritivas que os governadores adotaram para conter a disseminação do coronavírus. Médico de formação, Caiado convocou uma entrevista para dizer que Bolsonaro foi irresponsável e covarde ao contradizer as recomendações de autoridades sanitárias de todo o mundo.

    Mandetta participaria junto de Bolsonaro de uma entrevista coletiva nesta quarta-feira, depois da reunião por videoconferência com os governadores do Sudeste. O Palácio do Planalto, no entanto, cancelou o evento sem fornecer maiores informações. Bolsonaro demonstrou descontrole na conversa com os gestores estaduais e bateu boca com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

    O ministro da Saúde afirmou a aliados que só deixará o cargo se for demitido por Bolsonaro. Também prometeu manter a linha de atuação técnica enquanto estiver à frente da pasta. Mas o fato é que a cúpula do DEM já discute um rompimento oficial com o governo caso Mandetta seja exonerado. A medida seria um gesto de solidariedade a ele.

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    Também nesta quarta, o presidente do DEM, ACM Neto, repudiou publicamente o pronunciamento de Bolsonaro e o classificou como “lamentável” e “inaceitável”. O prefeito de Salvador declarou que o presidente da República “desrespeita as pessoas que estão nesse momento enfermas, reclusas ou em isolamento por já terem sido acometidas pelo coronavírus”.

    “Não é razoável que, diante de um problema tão sério, tão crítico, a gente tenha um presidente minimizando e atenuando o que pode significar o sacrifício da vida de milhares de brasileiros”, disse ACM.

    Há pelo menos dois interessados na queda de Mandetta. O almirante Antonio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa, e o ex-ministro da Cidadania Osmar Terra (MDB) estão de olho na vaga que pode se abrir na Esplanada dos Ministérios. Ambos defendem a posição crítica de Bolsonaro em relação às medidas de quarentena e de isolamento social para a população durante a pandemia.

    Há, inclusive, uma disputa interna de cargos em ministérios entre o DEM e o MDB. A avaliação de governistas é de que o DEM tem muito espaço na gestão Bolsonaro, com três pastas – Saúde, Agricultura e Cidadania. Antes da crise do coronavírus, o diretório do MDB de São Paulo, presidido por Paulo Skaf, vinha pleiteando mais influência no governo federal. Presidente da Fiesp, Skaf é um dos principais articuladores do futuro partido de Bolsonaro, a Aliança pelo Brasil.

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