Em mais um aceno à Polícia Militar, o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sancionou projeto que estabelece o dia 10 de maio como o Dia dos Heróis da PM. A nova lei é de autoria do deputado estadual Capitão Telhada (PP) e homenageia o tenente Alberto Mendes Júnior, morto em 10 de maio de 1970, durante a ditadura militar. Ele era integrante das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar, a Rota, e, segundo a corporação, morreu durante ação contra um grupo de guerrilheiros no interior.
O parlamentar, assim como o pai – coronel Telhada, hoje deputado federal -, também serviu à tropa de elite da PM paulista, cada vez mais prestigiada pela gestão Tarcísio. O atual secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, outro ex-membro da Rota, tem escolhido policiais de elite da ativa para ocupar cargos-chave no primeiro escalão da pasta. Em fevereiro, ele trocou o subcomandante da corporação, José Alexander de Albuquerque Freixo, e mais 34 dos 64 coronéis de uma só vez, por nomes classificados como linha-dura em substituição a comandantes moderados. Freixo, por exemplo, perdeu o posto para José Augusto Coutinho, ex-comandante da Rota.
Mesmo sem o título oficial, Alberto Mendes Júnior já é tratado como herói pela PM paulista. Em seu site oficial, a corporação narra que o tenente comandou o pelotão encarregado de combater um “foco de terroristas” na cidade de Registro, no Vale do Ribeira, no final de abril. Uma semana depois, na vizinha Sete Barras, um dos postos da Guarda foi atacado pelos guerrilheiros e oito soldados foram presos. “Emboscado, com inferioridade em homens e armas, estando cercado por todos os lados, foi atirado aquele jovem num dilema: ou entregava-se sozinho ou morreriam todos. Evitando o sacrifício dos seus comandados, falou mais alto o espírito de herói”, relata a PM.
O corpo foi encontrado apenas em 9 de setembro do mesmo ano. O cortejo entre a sede da Rota e o Cemitério do Araçá, na capital, foi acompanhado por cerca de 100 000 pessoas, segundo cálculos da PM, entre militares, comerciantes e industriais da época.
“Lamentavelmente histórias semelhantes à ocorrida com o bravo tenente Alberto Mendes Júnior ainda ocorrerão. É certo que a Polícia Militar de São Paulo possui centenas e mais centenas de heróis que, enfrentando o crime, amparando o cidadão necessitado, combatendo incêndios ou procedendo a salvamentos, pereceram ou levam no corpo e na alma as cicatrizes que são típicas daqueles que se propõem a colocar a vida em risco por outras vidas que sequer conhecem. Fato esse que a PM entrega a Medalha Cruz de Sangue, mas é necessário exaltar e fazer recordar sempre dos heróis policiais militares em um ato que, ao invés da morte, celebre a vida e a conduta daqueles que pagaram o preço máximo cumprindo seu juramento”, justificou Telhada ao apresentar a proposta.
A lei não define quantos policiais serão homenageados por ano nem como deve se dar essa escolha.