Dois dias após o governo Luiz Inácio Lula da Silva anunciar a instalação de um gabinete de crise em Porto Alegre para monitorar de perto as consequências catastróficas das chuvas em todo o Rio Grande do Sul e dar início a uma mobilização significativa para ajudar as vítimas da tragédia, petistas com base eleitoral no estado iniciaram nesta segunda, 6, uma espécie de frente política, de olho em algum ganho eleitoral.
A principal imagem veio de uma reunião na Assembleia Legislativa gaúcha, onde um grupo expressivo de ministros prestou satisfação das ações planejadas a deputados das bancadas federal e estadual — quem coordenou o evento foi a deputada federal Maria do Rosário (PT), pré-candidata à prefeitura de Porto Alegre.
Ao lado do ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social, que também é deputado federal eleito pelos gaúchos, Rosário teve posição de destaque no encontro promovido para definir planos de trabalho com as prefeituras com o objetivo de atender as demandas de cada região com a liberação de verbas. Ao todo, 336 municípios tiveram situação de emergência reconhecida pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.
“Mesmo com a interrupção de energia em Porto Alegre, realizamos hoje a reunião da bancada gaúcha com os ministros do governo Lula. Parte dela praticamente sem luz. Ainda assim estamos juntos, articulando todas as ações necessárias para ajudar nosso Rio Grande do Sul”, escreveu a deputada nas redes sociais. Durante o encontro, a petista pediu ao ministro Pimenta que a bancada federal possa trabalhar no escritório montado pelo governo e exigiu que o governador Eduardo Leite (PSDB) chame os parlamentares para a reunião.
https://twitter.com/mariadorosario/status/1787493465351213163
Pesquisa eleitoral divulgada em 1º de abril pelo instituto Real Time Big Data mostra a liderança do atual prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB). Candidato à reeleição, ele soma 40% das intenções de votos, contra 22% de Rosário.
Balanço
Na reunião desta segunda, foram definidas como prioridades a liberação das rodovias e de recursos, a instalação de ações emergenciais na área da saúde, como hospitais de campanha (as enchentes prejudicam o funcionamento de 110 hospitais no estado), o envio de equipamentos para auxiliar nos trabalhos de resgate de pessoas isoladas e a compra de 52 mil cestas básicas. Pimenta informou ainda que foi autorizada a liberação de R$ 600 milhões em emendas para parlamentares do estado.
No fim de semana, Lula, os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira, integraram a comitiva presidencial ao estado e prometeram acelerar a tramitação de projetos que visem à recuperação do Rio Grande do Sul. Com passe livre entre integrantes do governo federal, Maria do Rosário tem disputado com Melo e o próprio Leite o anúncio de medidas emergenciais patrocinadas pela União. Já o prefeito tem cobrado agilidade dos ministros para que a “burocracia” não atrase a concretização da ajuda.