O PT ainda não usou a palavra “bolivarianismo”, que serviu para definir a onda esquerdista que varreu a América do Sul no início dos anos 2000, quando Luiz Inácio Lula da Silva ascendeu ao poder no Brasil. Mas certamente sonha com a volta da hegemonia de esquerda ao subcontinente no caso de um eventual terceiro governo petista.
“Temos a oportunidade, temos o México, Argentina, Bolívia, Chile, Honduras, é a chance de construir uma rede de governos progressistas, democráticos, populares”, afirmou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, durante visita de Lula ao México, país governado desde 2018 pelo esquerdista Andrés Manuel López Obrador.
Gleisi, convenientemente, não listou a Venezuela, onde o termo bolivarianismo (referência ao “libertador da América” Simón Bolívar) foi cunhado e onde o chavismo dá as cartas desde 2002. Também não falou de Cuba e Nicarágua, duas ditaduras esquerdistas na América Central.
Na América do Sul, além dos países citados por Gleisi (Argentina, Bolívia e Chile), há um presidente esquerdista também no Peru (Pedro Castilho). Brasil, Uruguai, Colômbia, Paraguai e Equador têm governos de centro ou de direita.
O sonho do PT, claro, é com os dourados (para a esquerda) anos Lula. Na época, políticos de esquerda governavam oito dos nove principais países da América do Sul: Brasil (Lula), Argentina (Néstor Kirchner), Bolívia (Evo Morales), Chile (Michelle Bachelet), Venezuela (Hugo Chávez), Equador (Rafael Correa), Paraguai (Fernando Lugo) e Uruguai (Tabaré Vazquez). A exceção era Álvaro Uribe (Colômbia).