Um dos mais poderosos caciques políticos do país, dono de um cofre que tem mais de 1 bilhão de reais só de recursos públicos e presidente do PL, maior partido do Congresso, Valdemar Costa Neto tem uma prioridade que não escondia de ninguém na atual campanha: reconquistar Mogi das Cruzes, cidade da Grande São Paulo com pouco mais de 450.000 habitantes, seu berço eleitoral e que durante quatro mandatos foi governada pelo seu pai, Waldemar Costa Filho. Após a morte do patriarca, em 2001, o filho, que nunca tentou a prefeitura e decidiu priorizar a carreira em Brasília (foi eleito deputado seis vezes), viu a cidade cair nas mãos de outros grupos locais.
Segundo levantamento feito pelo instituto Paraná Pesquisas entre os dias 27 e 30 de setembro e divulgado nesta terça-feira, 1º, a candidata do PL, Mara Bertaiolli, tem 46,3% das intenções de voto, bem acima do atual prefeito Caio Cunha (Podemos), que tem 26,5%.
Na sequência, aparecem Rodrigo Valverde (PT), com 13,2%; Sheila Mantovanni (Mobiliza), com 1,4%; e Roberto Rodrigues (PRTB), com 0,7%. Entre os entrevistados, 6,3% disseram que iriam votar em branco, nulo ou nenhum, enquanto 5,5% disseram que não sabem ou não responderam.
Embora Mara Bertaiolli esteja com quase 50% dos votos totais, pode haver segundo turno na cidade, que tem mais de 200 mil eleitores, como determina a lei, se ela não atingir 51% dos votos válidos. A pesquisa ouviu 710 eleitores em Mogi das Cruzes e foi registrada na Justiça Eleitoral sob o nº SP-06864/20. A margem de erro é de 3,8 pontos percentuais para mais ou para menos.
Candidata
Mara Bertaiolli nunca disputou uma eleição, mas tem capital político bem alto para a disputa. Para começar, a sua chapa reuniu, além do PL, cinco grandes partidos (União Brasil, PSD, MDB, PP e Republicanos). Mara é também esposa de um político influente na cidade: Marco Bertaiolli, ex-deputado, ex-prefeito (2009 a 2016) e agora conselheiro do Tribunal de Contas do Estado indicado pelo governador Tarcísio de Freitas.
Seu adversário, Caio Cunha, tem uma aliança com quatro partidos, sendo que o maior dele é o PSB. Em março, o prefeito estava de malas prontas para o PP, uma sigla maior, mas teve a ideia barrada pela movimentação de Valdemar nos bastidores.
Reduto familiar
O enclave político de Waldemar e Valdemar começou a ser construído em 1940. Foi nessa época que o pai chegou à cidade para trabalhar em uma empresa de mineração. Por lá, fez fama e fortuna ao tornar-se um influente empresário do setor de transportes. Em 1958, entrou para a conservadora UDN e migrou, em 1966, para a Arena, sigla que sustentava a ditadura militar. Foi pela legenda que levou a prefeitura pela primeira vez, em 1968. Já Valdemar era conhecido como “Boy” na juventude, em parte pelo estilo de vida boêmio.
O cacique do PL mora até hoje em Mogi das Cruzes — sua maior ausência foi para passar onze meses no presídio da Papuda, no DF, entre 2013 e 2014, após ser condenado no mensalão. Ele voltaria a ser preso em fevereiro deste ano, por porte ilegal de arma, em investigação sobre a tentativa de golpe em 2023. Uma das dificuldades na eleição será superar a rejeição do eleitor ao “Boy” após o envolvimento em tantos episódios polêmicos.