O tema comum nas conversas de Lula com Eduardo Paes e João Campos
Presidente tenta superar resistências para emplacar candidato do PT a vice-prefeito no Rio e em Recife
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca em Pernambuco nesta quinta-feira, 4, para cumprir agenda institucional, com toques de cunho pessoal, mas com objetivos políticos muito bem delineados. Vai visitar projetos do governo federal no interior do estado durante o dia e à noite participa de um evento no parque que leva o nome de sua mãe, dona Lindu, no Recife. É quando ele se encontra com o prefeito João Campos (PSB), com quem deve conversar sobre uma eventual composição na chapa à reeleição, cuja vaga de vice é alvo de interesse do PT e de resistência do pessebista, que prefere indicar uma aliada.
Essa conversa tem um olho na eleição deste ano e o outro na de 2026. A administração do filho de Eduardo Campos é bem avaliada, e ele lidera com folga as pesquisas de intenção de votos. Aliados dão como praticamente certos a reeleição e os planos do prefeito de se candidatar ao governo do estado. É aí que a vaga de vice ganha força. Caso se candidate em 2026, Campos abriria espaço para o vice assumir a prefeitura por mais de dois anos, tempo suficiente para até mesmo um desconhecido se consolidar para uma tentativa à reeleição em 2028.
Não por acaso, o PT quer a indicação. Internamente, dois nomes já se movimentam no cenário local. O único deputado federal do PT de Pernambuco, Carlos Veras, recebeu em março o título de cidadão recifense em cerimônia com a presença do deputado federal Pedro Campos (PSB), irmão do prefeito, e da senadora Teresa Leitão (PT), principal apoiadora de seu nome para vice. No dia seguinte, o ex-vereador do Recife Mozart Salles foi além e inscreveu sua pré-candidatura para “possível” vaga de vice na chapa do prefeito.
João Campos prepara uma grande festa para receber Lula. O presidente vai lançar o Sistema Nacional de Cultura, com a presença da ministra Margareth Menezes e de políticos locais, entre eles o senador Humberto Costa (PT-PE), coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral do PT. Mas, quanto à proposta do presidente, resiste. Seu nome preferido é o da secretária de Infraestrutura, Marília Dantas.
Lula vai aproveitar a estadia na capital pernambucana para conversar pessoalmente com o prefeito e tentar convencê-lo. O PT tem na mesa uma oferta em troca da vice em 2024: o apoio a Campos ao governo do estado em 2026.
Rio de Janeiro
O movimento de Lula no Recife é semelhante ao que ele fez no início da semana no Rio de Janeiro. O presidente esteve na capital fluminense na terça-feira, 2, para participar da solenidade de filiação da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e esteve com o prefeito Eduardo Paes (PSD).
Assim como João Campos, Paes tem administração bem avaliada, é pré-candidato à reeleição, lidera as pesquisas de intenção de votos, tem a vaga de vice cobiçada pelo PT… E também prefere uma chapa pura e indicar um aliado próximo. O deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ) é o nome do prefeito. Aliados do presidente afirmam que Lula tinha a intenção de emplacar Anielle como vice de Paes, mas a ministra já deu sinais públicos de que prefere concorrer ao Senado em 2026.
Recife e Rio são duas das quatro capitais em que a executiva nacional do partido evocou para si a prerrogativa de decidir os rumos do diretório local. As outras duas são Curitiba e João Pessoa, cujos diretórios estão divididos entre candidatura própria ou apoio a candidato de outro partido.