O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, corre para finalizar um processo licitatório que vai permitir a compra de 10.000 câmeras de monitoramento para equipar os presídios federais. A pressa tem motivo: das 192 câmeras instaladas na penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande no Norte, de onde dois integrantes do Comando Vermelho fugiram, 124 estão inoperantes. E não é de hoje.
Relatórios técnicos elaborados em gestões anteriores indicam falhas de segurança no presídio ao menos desde 2019, quando o chefe da pasta era o hoje senador Sérgio Moro (União-PR). Em dezembro daquele ano, o primeiro da gestão Jair Bolsonaro, o preso José de Arimatéia, conhecido como Pequeno e integrante do PCC, conseguiu roubar a escopeta de um guarda durante banho de sol. Os agentes conseguiram desarmá-lo na sequência, mas nada foi filmado porque as câmeras da área já apresentavam falhas.
Em agosto do ano passado, mais um alerta foi emitido oficialmente à chefia do ministério, na época comandado por Flávio Dino, hoje ministro do Supremo Tribunal Federal. Novo relatório indicou que problemas estruturais nas celas poderiam permitir que presos escapassem pelo espaço da luminária. Foi exatamente o que aconteceu no último dia 14, quando Rogério da Silva Mendonça, conhecido como Tatu, e Deibson Cabral Nascimento, o Deisinho, passaram a ser os primeiros fugitivos do sistema federal, criado em 2006.
Segundo o atual secretário de Políticas Penais da pasta, André Garcia, as novas câmeras irão substituir as atuais em todos os cinco presídios do sistema, além de ampliar a capacidade e qualidade do monitoramento em cada unidade, já que os equipamentos terão sensores de calor.
A fuga completa quinze dias nesta quinta, 29. Por ordem de Lewandowski, cerca de 600 agentes federais, estaduais e da Força Nacional atuam nos trabalhos de busca dos foragidos. Por enquanto, cinco pessoas foram presas suspeitas de ajudá-los a se esconder da polícia.