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Leite sobre Bolsonaro: “A gente precisa de ajuda, ele oferece ataques”

Governador do RS rebateu as críticas recebidas para dizer que implantou no estado reformas que o presidente "não teve coragem de fazer no plano federal"

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 mar 2021, 14h55
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  • Atacado por bolsonaristas desde que foi alçado à condição de presidenciável em 2022, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), ainda não havia sido criticado diretamente por Jair Bolsonaro.

    Isso até a noite desta segunda-feira, dia 8, quando o presidente o acusou de ser um “péssimo administrador” e de ter usado verba federal destinada à saúde para regularizar as contas do estado. “Onde ele enfiou essa grana? Eu não vou responder, mas eu acho que sei onde ele colocou”, questionou Bolsonaro, em entrevista à TV Bandeirantes, fazendo uma insinuação obscena com o governador, que já foi alvo de ofensas homofóbicas nas duas últimas campanhas eleitorais que disputou.

    Pego de surpresa pelas críticas, Leite assistiu à entrevista na madrugada desta terça-feira, 9, no Palácio do Piratini, onde mora. Irritado, ele comentou com a sua equipe que “no momento em que a gente precisa de ajuda, ele oferece ataques”. E gravou na mesma hora o vídeo em que responde ao presidente — a gravação só foi divulgada na manhã desta terça-feira, 9, em suas redes sociais para que não passasse em branco em meio ao turbulento noticiário.

    “É mais uma mentira, agora de quem muito fala e pouco governa”, disse o governador gaúcho, desafiando o presidente a “ter coragem” de dizer “qual foi o dinheiro enviado à saúde que não foi aplicado na saúde?” Leite ainda aproveitou o palanque dado por Bolsonaro para exibir a principal vitrine da sua gestão: “Tivemos a coragem de promover a mais profunda reforma no funcionalismo em 30 anos, fazendo (…) uma reforma administrativa, que cortou vantagens e benefícios, como o presidente da República não teve coragem de fazer no plano federal”.

    Segundo a equipe dos governadores, que ganharam protagonismo no antagonismo a Bolsonaro, os “gabinetes do ódio” foram acionados nos últimos dias para colocar em xeque as medidas de restrição adotadas para frear a proliferação de Covid-19. Contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), por exemplo, circulou a fake news de que o filho do governador havia promovido uma festa no dia em que o estado passava à faixa vermelha, a mais grave, na pandmeia. Contra Eduardo Leite, viralizou a história de que ele usou o dinheiro remetido pelo governo federal para pagar os salários atrasados dos servidores.

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    Para responder a esses ataques, o governador já havia gravado um vídeo há uma semana explicando que “todo o valor” destinado à saúde “foi repassado para adquirir leitos, compra de testes e tantos outros gastos envolvendo a saúde”. Conforme lei do programa de enfrentamento à Covid-19, aprovada no Congresso em 2020, apenas uma parte dos repasses federal era carimbada para a saúde. A outra parte era de aplicação livre, podendo ser usada para compensar perdas de arrecadação nos impostos em decorrência da pandemia, por exemplo.

    As hostilidades de Bolsonaro e da sua tropa de choque já eram esperadas pela equipe de Leite — só não achavam que elas viriam num momento tão delicado para o Rio Grande do Sul. O estado enfrenta o seu pior momento na pandemia, com ocupação de mais de 100% de leitos de UTI em hospitais da região. Auxiliares diretos do governador dizem que o estado virou o “novo Amazonas” do Brasil, mas não recebe a mesma atenção do Planalto. Em março, uma a cada dez mortes por Covid-19 ocorreu em solo gaúcho.

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