Frase desastrosa de Bolsonaro sobre a Rússia soa pior a cada dia
Visita do presidente ao Kremlin já entrou para a galeria de grandes catástrofes diplomáticas da história
A recente visita de Jair Bolsonaro à Rússia já ocupa um lugar de honra na galeria de grandes catástrofes diplomáticas brasileiras. “Somos solidários à Rússia”, disse o presidente durante a viagem em questão. Embora não tenha sido especificada na ocasião qual seria o motivo para essa solidariedade, a frase sooou para lá de imprópria no momento em que Putin, como boa parte do mundo já previa, se preparava para invadir a Ucrânia. A deflagração da guerra ocorrida em seguida e os desdobramentos da batalha, que conta hoje com repúdio da maioria da comunidade internacional, só fazem a declaração de Bolsonaro soar pior a cada dia que passa. A “solidariedade” à Rússia se resume hoje a opiniões isoladas de ditadores como o venezuelano Nicolas Maduro.
O presidente não tem feito esforço para mudar essa imagem, muito pelo contrário. No último domingo, 27, Bolsonaro disse que seria “exagero falar em massacre” ao se referir à ofensiva militar de Putin. Para piorar, no momento em que a maior dos líderes políticos criticam Putin (até o presidente húngaro Viktor Mihály Orbán, de extrema-direita, engrossou o coro), o Brasil segue com um discurso ambíguo. Segundo o jornal O Globo, Bolsonaro compartilhou em alguns grupos de WhatsApp um texto que critica a atuação dos Estados Unidos e que exalta a Rússia. “USA não é mais uma nação virtuosa”, diz o início do texto. Enquanto isso, uma resolução da Assembleia-Geral da ONU acaba de pedir a retirada das tropas russas da Ucrânia. O placar foi de 141 votos a favor da condenação contundente à Rússia, e só 5 votos contrários. A delegação brasileira na ONU votou com a maioria.