A mais de dois anos para as eleições que vão escolher o próximo presidente da República, possíveis candidatos já se movimentam para ver quem chegará como nome forte contra Luiz Inácio Lula da Silva. A edição de VEJA desta semana mostra como um grupo liderado pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro e presidente do PP, tem organizado em uma amistosa “confraria da oposição”, da qual deverá sair o próximo representante da direita brasileira.
Por enquanto, nomes como os dos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), são alguns dos mais bem colocados na bolsa de apostas.
A lista de postulantes, naturalmente, apenas começou a ser articulada diante da inelegibilidade de Bolsonaro — por decisão da Justiça Eleitoral, o ex-presidente está impedido de disputar eleições até 2030. Apesar da esperança de uma reabilitação jurídica do ex-presidente, o PL trabalha ativamente com a necessidade da unção de um “herdeiro” do seu espólio eleitoral.
E, segundo o partido, será o próprio Bolsonaro quem irá escolher o nome que irá enfrentar a Lula no campo da direita, caso ele continue inelegível. “Quem vai decidir o candidato e o vice é o Bolsonaro. Isso está definido, porque é ele que tem voto”, diz Valdemar Costa Neto, presidente do PL. “Mas vemos também que 2026 está longe e que, até lá, as coisas podem mudar. Temos dois anos pela frente”, afirma o cacique em alusão à possibilidade de o ex-presidente estar com o seu nome nas urnas.
Montagem da chapa
Considerando-se um cenário sacramentado da inelegibilidade, o partido, munido de sondagens recentes de intenção de voto, já teria uma composição de chapa “preferida” para disputar o Planalto. “Hoje, o candidato mais forte e o ‘primeiro da fila’ é o Tarcísio. Nossas pesquisas mostram o Tarcísio fortíssimo. Mas volto a dizer, quem vai resolver o candidato é o Bolsonaro”, diz o dirigente.
Uma chapa liderada pelo governador de São Paulo e com a senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura de Bolsonaro, como vice, é cogitada pela legenda. “Tarcísio e Tereza são uma chapa imbatível. Ela é um fenômeno entre as mulheres, tem carisma e foi uma excelente ministra”, afirma. “Nós queríamos que a Tereza fosse vice já em 2022, mas o Bolsonaro optou pelo (general e ex-ministro) Braga Netto, que é um homem super-honesto, mas que não deu um voto a mais, porque todo o pessoal do Braga já ia votar nele”, diz Costa Neto.
Nomes como o de Ciro Nogueira e de Ronaldo Caiado também seriam boas opções, afirma o cacique, que deixa claro que a decisão final será de Bolsonaro. “O Ciro é um excelente nome, e o Caiado é um homem que está com muito prestígio em Goiás e no Brasil, além de que o União é um partido fortíssimo e tem o maior terceiro tempo de televisão”, pondera.
Michelle Bolsonaro
No levantamento do Paraná Pesquisas que testou cenários com diferentes postulantes da direita em 2026, o nome da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro é o que, desconsiderada a participação de Bolsonaro da disputa, aparece com a maior intenção de votos: 33%, contra 36,6% de Lula. Tarcísio de Freitas tem 25,6%, contra 36,9% do atual presidente.
Apesar do resultado positivo, a escolha pela presidente do PL Mulher encontra ao menos dois obstáculos: o veto de Bolsonaro e a alta rejeição da ex-primeira-dama. A mesma sondagem do Paraná Pesquisas mostra que ela tem 50% de rejeição, contra 30% de Tarcísio. “Ele (Bolsonaro) já disse que não quer que a Michelle concorra a um cargo no Executivo. Por ela não ter experiência. Um cargo legislativo, como Senado, aí tudo bem”, diz Valdemar Costa Neto. “A Michelle está na frente do Tarcísio na pesquisa nacional porque o Tarcísio está com prestígio em São Paulo. A Michelle, por causa do PL Mulher, tem se destacado em todos os estados, tem feito reuniões com milhares pessoas, daí a aprovação tão grande”, avalia.
Bancada é prioridade
Apesar da preocupação com a chapa presidencial de 2026, o presidente do PL diz ter hoje uma única prioridade na agenda, que é o aumento das bancadas do partido na Câmara e no Senado. O apoio do Congresso, vale lembrar, é crucial para a consolidação de qualquer governo. Nesse sentido, não há exemplo maior do que as patinadas do início do governo Lula em meio a uma oposição considerável no Legislativo. “Em relação a 2026, a única coisa que estamos trabalhando é para aumentar nossa bancada de senadores e, principalmente, de deputados federais. Pretendemos bater uns 130 deputados, além de atingir 25 senadores”, diz Costa Neto.