A cúpula do PT deverá discutir na próxima semana o rumo do partido em quatro capitais consideradas estratégicas nas eleições deste ano e onde deverão prevalecer os interesses nacionais do partido de Luiz Inácio Lula da Silva. Em duas delas, inclusive, já foi declarada intervenção da direção nacional nos diretórios municipais e a suspensão das reuniões previstas para definir candidatos nas disputas municipais.
Na última quinta-feira, 14, o Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE), coordenado pelo senador Humberto Costa (PE-PT), determinou que as disputas às prefeituras de Curitiba, Rio de Janeiro, João Pessoa e Recife serão discutidas pela Executiva Nacional em reunião prevista para o próximo dia 26. O grupo também estabeleceu, até a data, a suspensão das discussões de tática eleitoral nos diretórios de Curitiba e de João Pessoa.
Segundo Ângelo Vanhoni, presidente do diretório petista na capital paranaense, a direção local deverá acompanhar o resultado do encontro do dia 26 antes de deliberar sobre a disputa. Inicialmente, o diretório discutiria o lançamento de uma eventual candidatura própria em uma plenária marcada para 7 de abril, mas, com a decisão do GTE, o encontro foi suspenso. “Depois da reunião do diretório nacional, convocaremos reunião do diretório de Curitiba para avaliar as decisões e, se for o caso, redefinir o nosso calendário de consulta aos filiados”, afirmou.
A decisão do GTE do PT pegou de surpresa alguns correligionários, como o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), que é um dos nomes colocados para a disputa à Prefeitura de Curitiba e que defende a candidatura própria petista. Na última quinta-feira, 14, Dirceu classificou o ato como um “desrespeito aos pré-candidatos, ao diretório municipal e à militância”. “(…) Espero que a direção nacional não cometa nenhum tipo de violência, de atropelo, de desrespeito às instâncias que primeiro precisam decidir a nível municipal”, declarou.
Em Curitiba, outra ala do PT, liderada por Gleisi Hoffmann, defende uma aliança do partido com o deputado federal e ex-prefeito Luciano Ducci (PSB), candidato mais bem posicionado nas últimas pesquisas. Sondagem de dezembro feita pelo Instituto Paraná Pesquisas mostra Ducci com 16,2%, seguido pelo deputado estadual Ney Leprevost (União Brasil), com 16%. Na sequência, figuram Beto Richa (PSDB), com 13,5%, e o atual vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), com 12,5%.
Segundo interlocutores petistas, Gleisi optou por “privilegiar” o PSB com a aliança por considerar, em troca, o apoio da sigla em uma eventual candidatura sua ao Senado. Com o atual senador Sergio Moro (União Brasil) na mira de um processo na Justiça Eleitoral que poderá levar à sua cassação, a vaga na Casa Alta seria disputada em eleições suplementares, possivelmente ainda neste ano, caso a perda de mandato seja confirmada.
João Pessoa
Na capital paraibana, a situação também não é das mais favoráveis para o PT. Pesquisa divulgada pelo Instituto Datavox no início de março apontou a liderança do atual prefeito, Cícero Lucena (PP), com 39,6%. Em segundo, figurava o até então pré-candidato petista, Luciano Cartaxo, com 12,4% — ele, no entanto, anunciou a desistência na última semana, em meio a um racha interno da legenda na capital. O movimento suscitou a intervenção do GTE. Com a saída de Cartaxo, a única postulante petista em João Pessoa, por ora, é a deputada estadual Cida Ramos — ela chegou a acusar Cartaxo de querer derrubar as prévias do partido na capital.
Recife
Embora a aliança PT-PSB para a reeleição de João Campos (PSB) em Recife já esteja praticamente consolidada, com a bênção de Lula, o nome petista a ser lançado para o posto de vice-prefeito segue em aberto. Atualmente, o deputado federal Carlos Veras e o ex-vereador Mozart Sales são os postulantes.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, Lula já anunciou que o PT deverá apoiar a reeleição de Eduardo Paes (PSD), que aparece como favorito nas últimas pesquisas de intenção de voto. A indefinição, assim como em Recife, se dá em relação ao nome que disputará a vice. A legenda chegou a considerar a possibilidade de lançar Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, mas o plano foi abortado após Paes exigir que a vaga seja destinada a um nome mais próximo a ele.