Os índices de degradação e desmatamento na Amazônia registram alta pelo terceiro mês consecutivo em agosto deste ano. Foram 2.870 km² de florestas degradadas, onze vezes maior que no mesmo mês do ano passado, e 662 km² desmatados, um acréscimo de 11% em relação ao mesmo período de 2023. Os dados, divulgados nesta sexta-feira, 27, são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do instituto de pesquisa Imazon, que monitora a Amazônia por imagens de satélite desde 2008.
Os números são divulgados pelo Imazon no momento em que grande parte do território brasileiro é afetado pelas consequências de queimadas, principalmente na região amazônica. A poluição fez com que a cidade de São Paulo registrasse por uma semana a pior qualidade do ar do planeta.
Segundo o relatório do Imazon, a área degradada somente em agosto equivale à de Palmas, capital do Tocantins. Segundo o instituto, Pará e Mato Grosso são os estados com as maiores concentrações de áreas degradadas, 45% e 38% do total afetado, respectivamente. No Mato Grosso, a área afetada pela degradação cresceu 20 vezes no último ano, enquanto que no Pará o aumento foi de oito vezes no mesmo período.
No comparativo entre agosto de 2023 e o mesmo mês deste ano, quatro estados se destacam no aumento proporcional de áreas degradadas: Amazonas (2.273%) e Rondônia (1.482%), além de Mato Grosso (1.889%) e Pará (723%).
Terras indígenas
O Imazon destaca um “crescimento alarmante” na degradação de terras indígenas. O instituto registrou um salto de 15 quilômetros em agosto de 2023 para 972 quilômetros no mesmo mês deste ano – 65 vezes mais. Na lista das 10 terras indígenas mais afetadas, os estados do Pará e Mato Grosso novamente aparecem na ponta.
O território Kayapó, no Pará, concentrou quase 40% da área total degradada em terras indígenas. Já Mato Grosso ocupou o segundo, o terceiro e o quarto lugar em degradação de terras indígenas, com os territórios Sararé, Capoto/Jarina e Aripuanã.
Desmatamento
Os dados do Imazon apontam que o volume desmatado na Amazônia em agosto deste ano (662 km²) equivale à destruição de aproximadamente 2.135 campos de futebol por dia de floresta. O acréscimo foi de 17% em relação ao mesmo mês de 2023.
Embora registre aumento na comparação entre 2023 e 2024, o volume de área desmatada nestes dois anos é menor que o registrado anualmente de 2019 a 2023.
Os assentamentos e unidades de conservação também apresentaram um aumento da destruição no período. Nos assentamentos, a área afetada cresceu de 129 km² em agosto de 2023 para 163 km² em agosto de 2024, um acréscimo de 26%. Já nas unidades de conservação, o desmatamento passou de 49 km² para 57 km² no mesmo período, totalizando uma alta de 16%.
A maioria (64%) do desmatamento, no entanto, ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse, segundo o Imazon. A situação é ainda mais alarmante por causa do alto grau de impunidade para infratores.
Capa de VEJA
Na edição impressa desta semana, VEJA traz reportagem que aponta que de cada dez multas ambientais aplicadas, apenas uma é paga.