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A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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De garimpo a casa noturna: as empresas do filho do governador do MT

Mineradoras ligadas a Luis Antonio Mendes foram alvo de operação da Polícia Federal por compra de mercúrio ilegal

Por Victoria Bechara Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2024, 19h59 - Publicado em 20 nov 2023, 11h43

Com apenas 26 anos, Luis Antonio Mendes, filho do governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), acumula participações em uma longa lista de empresas. Como mostrou reportagem de VEJA na edição desta semana, duas delas foram alvos de uma operação da Polícia Federal no dia 8 por suposta compra de mercúrio ilegal.

A Operação Hermes 2, realizada pela PF e pelo Ibama, mira uma organização criminosa que contrabandeava o produto para abastecer garimpos em quatro estados da Amazônia. A Justiça determinou o cumprimento de 34 mandados de busca e apreensão e o sequestro de 2,9 bilhões de reais em bens dos investigados. Os agentes bateram às portas de duas empresas ligadas a Luis Antonio — a Mineração Aricá e a Kin Mineração. O delegado responsável pelo caso chegou a pedir a prisão dele, o que foi negado pela Justiça.

Formado em direito em 2020, o filho do governador já acumula participação em 23 empresas, seja como sócio, administrador, diretor ou presidente. Ao menos quinze delas foram abertas nos últimos cinco anos. A maioria está localizada em Cuiabá, mas ele também tem negócios no Pará, Alagoas e Acre.

Além das duas que foram alvo da PF, Luis Antonio consta como administrador ou presidente de pelo menos outras seis empresas de mineração. Ele também tem cargos em companhias do setor de energia, aluguel de máquinas e equipamentos de construção e construção de barragens. O filho do governador ainda é sócio do Azuri, um restaurante japonês famoso na capital mato-grossense, do Aragon, especializado em comida ibérica, e da casa noturna Vozz Club. 

Em seu perfil no Lin­kedIn, o empresário apresenta-se apenas como diretor do Grupo Sollo, que inclui quatro companhias com capital social total de 86 milhões de reais. Uma delas, a Sollo Construções, tem dívida ativa de 16 milhões de reais com a Receita Federal, o que levou ao confisco de um jatinho da empresa.

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Em nota, a defesa de Luis Antonio Mendes afirmou que o governador abriu mão de mais de três décadas de vida empresarial para assumir o cargo. “Foi necessário que Mauro renunciasse seus cargos de gestão e participação nas empresas e passou ao seu filho, Luis Mendes, 26 anos, que é advogado e trabalha nas empresas da família desde os 18 anos. Portanto, o patrimônio que hoje figura em nome do Luís Mendes foi construído pela família ao longo de mais de 35 anos de trabalho na vida empresarial”, declarou.

O advogado afirma ainda que Luis Antonio não é administrador das empresas investigadas na Operação Hermes e não praticou nenhum ato de gestão relacionado ao caso, ao contrário do que diz a PF. “Portanto não teria nenhuma responsabilidade sobre a suposta compra de mercúrio de forma irregular. Tudo isso está sendo demonstrado judicialmente”, diz a nota. Como mostrou a reportagem de VEJA, Luis Antonio era diretor da Kin Mineração, mas renunciou ao cargo em março. Uma de suas empresas, porém, ainda consta como sócia da mineradora.

A defesa acrescenta que as dívidas tributárias estão registradas, declaradas e algumas foram questionadas administrativamente e judicialmente. As comprovadamente devidas serão parceladas e pagas na forma estabelecida pela lei. “A respeito do arrolamento da aeronave, esse é um mecanismo comum e usual utilizado pela Receita Federal, que serve para garantir o recebimento de eventuais valores cobrados pelo fisco. A Sollo afirma que, uma vez apurado de forma correta os valores dos tributos e esgotados as discussões, a empresa fará a quitação nos termos estabelecidos pela Lei”, conclui.

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