Mesmo após ser sabatinado e aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, em julho passado, para assumir o comando da Defensoria Pública da União (DPU), o advogado Igor Roque não conseguiu, na última quarta, 25, ter seu nome validado para o cargo de defensor público-geral federal. Por 38 votos a 35, o plenário da Casa rejeitou a indicação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que configurou uma grande derrota para o governo.
O motivo pela não-aprovação foi uma insatisfação da ala conservadora, que associou Roque à organização de um seminário sobre aborto que ocorreria na DPU, em agosto, mas que acabou cancelado. Foi a primeira grande derrota de Lula no Congresso em razão da nova agenda conservadora que tem mobilizado a direita, em especial o bolsonarismo, nos últimos meses, como mostrou reportagem de VEJA.
Antes de Igor Roque, a Presidência da República, sob comando de Jair Bolsonaro, tentou emplacar, em novembro de 2022, outro nome, o de Daniel Macedo, mas ele foi visto pela equipe de transição como bolsonarista e acabou substituído quando a atual gestão assumiu o comando do país.
Parlamentares bolsonaristas também relacionaram a derrota do governo com a possibilidade de Lula indicar o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, pra ministro do Supremo Tribunal Federal na vaga de Rosa Weber, que se aposentou. Dino também é um defensor de pautas progressistas que irritam os conservadores.
Nas redes sociais, senadores que votaram contra a indicação de Lula comemoraram a rejeição e deram um sinal ao governo. “Derrubamos o indicado do Lula para a DPU. Recado dado. Gesto forte! Tenho dito: se colocar o Dino pro STF vai passar vergonha!”, afirmou o líder do PL, Carlos Portinho.
Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente da República, também aproveitou a rejeição do DPU para provocar a atual gestão. “Vai Lula, indica o Flávio Dino pro STF… O Senado tá esperando…”.