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A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Como foi o flerte do PL de Bolsonaro com Pablo Marçal

Cacique do partido do ex-presidente, Valdemar Costa Neto, se reuniu pelo menos três vezes com o candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo

Por Ramiro Brites Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Laísa Dall'Agnol Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 ago 2024, 10h18 - Publicado em 24 ago 2024, 09h19

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, se reuniu três vezes com o candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo para tentar atrair Pablo Marçal ao Partido Liberal. A ideia era convencer o influenciador digital a desistir das eleições municipais de outubro, em troca de apoio a uma candidatura ao Senado em 2026. A proposta foi rejeitada por Marçal, que argumenta não ter pretensão para a disputa de cargos do Legislativo. As reuniões entre o coach e o cacique ocorreram pelo menos três vezes neste ano.

“Ele [Marçal] é um fenômeno nas redes, nisso não há dúvida. Inclusive ele me procurou recentemente para conversar e tudo o mais. Há mais um tempo, antes da campanha, eu cheguei a convidá-lo para que ele fosse para o PL”, confirmou Valdemar em entrevista a VEJA. “Disse pra ele esperar e concorrer ao Senado em 2026 com o Eduardo [Bolsonaro] por São Paulo, que ele teria grandes chances de ganhar. Prefeitura é algo mais complicado”, completou o cacique partidário.

Dono do maior fundo eleitoral do país, o PL despeja mais de 1 bilhão de reais nas campanhas municipais, mas não foi o suficiente para o influenciador aceitar o convite. Marçal declarou 169 milhões de reais à Justiça Eleitoral, mas diz que fará sua campanha sem recursos próprios, nem quer usar o caixa do PRTB. Ele afirma que vai contar apenas com doações que, a esta altura, estão em cerca de 550.000 reais – um valor baixo perante ao limite de 67 milhões de reais estipulado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Para o coach, o mais importante é poder fazer o que bem entender na campanha.

“Um partido grande demais manda no candidato. Aí tem que fazer igual o [Jair] Bolsonaro está fazendo. Tem que seguir o que o Valdemar quer em São Paulo”, disse Marçal a VEJA para justificar a rejeição à oferta de Costa Neto. “Desculpa aí, capitão. Não dá pra apoiar esquerdista não”, completou, em crítica ao ex-presidente.

Bolsonaro x Marçal

No dia em que consolidou o crescimento nas pesquisas, Marçal discutiu com Bolsonaro nas redes sociais. O influenciador comentou uma publicação no Instagram na última quinta-feira, 22: “Pra cima, capitão. Como você disse: eles vão sentir saudades de nós”, disse o influenciador. O perfil oficial do ex-presidente rebateu com ironia: “Nós? Um abraço”. A resposta serviu de combustível para o candidato do PRTB pedir, em meio a um “textão” para os padrões das redes sociais, a devolução de doação de 100.000 reais, que fez a Bolsonaro em 2022, para a disputa municipal.

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Depois da divulgação da última pesquisa DataFolha, em que Marçal aparece à frente do prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato que tem o vice Ricardo Mello Araújo (PL) indicado por Bolsonaro, o coach enviou um comunicado à imprensa em que faz referência à peleja digital: “Somos só nós (o povo e Deus) contra tudo e todos. A piada virou pesadelo e não vai ter segundo turno”, disse em nota. Guilherme Boulos (PSOL) lidera o levantamento do DataFolha, mas tecnicamente empatado com Marçal.

Os candidatos Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB) e Guilherme Boulos (PSOL)
Os candidatos Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB) e Guilherme Boulos (PSOL) (Renato Pizzutto/Band/Divulgação)

A pesquisa, que ouviu 1.204 entrevistados entre os dias 20 e 21 de agosto, mostrou que 44% dos eleitores de Bolsonaro apoiam Marçal, enquanto 30% devem apostar na reeleição do atual prefeito.

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No Paraná Pesquisas, divulgado na sexta, 23, Nunes está ainda na frente (24,1%), seguido por Boulos (21,9%) e Marçal (17,9%). Enquanto os dois líderes caíram, o coach cresceu mais de 5 pontos.

Coach tentou ser deputado em 2022

Apesar de negar a proposta para concorrer ao Senado com a estrutura do partido mais rico do país em seu favor, Marçal quis ser deputado há dois anos. A candidatura foi lançada depois de uma aloprada tentativa de disputar a corrida ao Planalto naquele mesmo ano. O coach entrou na disputa pela Presidência da República em 2022, mas acabou com a candidatura barrada pelo Pros, sigla a qual o coach era filiado e passou por imbróglios internos. Ao fim do enrosco, Eurípedes Júnior, fundador do partido, anunciou apoio a Lula (PT).

Pablo trocou de cargo e concorreu a deputado federal sub judice. Em 13 dias de campanha, o influencer conquistou 243.000 votos. O Tribunal Superior Eleitoral, porém, rejeitou o seu registro por falta de documentação. Até hoje, o influenciador diz que foi tirado das eleições de 2022 no “tapetão” e seus aliados pregam que foi uma manobra para favorecer o atual ministro Paulo Teixeira, que foi reeleito à Câmara após a Corte indeferir a candidatura de Marçal.

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O presidente Jair Bolsonaro e o coach e empresário Pablo Marçal, ex-presidenciável do Pros, durante ato de campanha em Sorocaba (SP)
Marçal participou de ato de campanha de Bolsonaro em Sorocoaba (SP) durante a disputa ao Planalto, em 2022 – (Pablo Marçal/Instagram)

Por outro lado, a opinião sobre concorrer a um cargo legislativo mudou. Postulante a prefeito, Marçal foca no Executivo, diz que não quer ser governador, mas admite que tem um plano para se tornar conhecido pelo eleitorado e concorrer, mais uma vez, ao Planalto: “Não se vira presidente por sorte”, diz. Com o projeto ambicioso em curso, o candidato do PRTB mostra incompreensão sobre o desejo de Valdemar de conquistar as eleições paulistanas: “Por que esse povo tá amando tanto essa prefeitura?”, ironiza o influenciador.

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