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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Como estava a eleição em 2018 quando Bolsonaro defendeu fuzilar petistas

Durante comício no Acre naquele ano, ele empunhou um tripé como se fosse uma arma e falou em mandar rivais para a Venezuela

Por Da Redação Atualizado em 11 jul 2022, 17h46 - Publicado em 11 jul 2022, 15h32

Uma frase que marcou a campanha de Jair Bolsonaro em 2018, quando foi eleito presidente, tem sido relembrada nas discussões nas redes sociais sobre o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, tesoureiro do PT no Paraná, por um simpatizante bolsonarista. Era 3 de setembro daquele ano e, em um comício em Rio Branco (AC), o então candidato segurou o tripé de uma câmera e começou a agitá-lo no ar, como se fosse uma arma de fogo. Em seguida, pegou o microfone e declarou: “Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre”.

Ele continuou, dizendo que iria colocar petistas “para correr” do estado e sugeriu que os rivais fossem para a Venezuela. “Já que eles gostam tanto da Venezuela, essa turma tem de ir pra lá. Só que lá não tem nem mortadela, hein, galera. Vão ter de comer é capim mesmo.”

Naquele momento, a Região Norte do país vivia episódios de violência, e Bolsonaro já figurava como favorito na disputa presidencial. Em Pacaraima, cidade em Roraima que faz fronteira com o país vizinho, brasileiros queimaram acampamentos e pertences de imigrantes venezuelanos que estavam morando na rua. O governo estadual à época chegou a pedir o fechamento da fronteira ao governo federal, chefiado por Michel Temer, diante do fluxo crescente de venezuelanos e da falta de capacidade para recebê-los.

A frase de Bolsonaro, apesar da repercussão e de protestos entre lideranças políticas, não alterou a sua tendência de crescimento nas pesquisas naquele momento. No fim de agosto, algumas semanas antes do comício no Acre, o então candidato do PSL tinha 20% das intenções de voto na pesquisa Ibope. Em cenários em que o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), então preso pela Lava-Jato, não constava das opções, os adversários estavam todos abaixo do patamar de 15%. Marina Silva (Rede) era a segunda colocada nesse cenário, com 12%, seguida por Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (à época no PSDB). Ainda na condição formal de vice, Fernando Haddad (PT) pontuava 4% das intenções de voto. A candidatura de Lula só seria formalmente rejeitada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia 1º de setembro daquele ano, antevéspera do comício em que se falou em “fuzilar” seus apoiadores. A pesquisa seguinte, divulgada pelo Ibope em 5 de setembro, mostrou um crescimento de 2 pontos de Bolsonaro. No dia 11 de setembro ele já tinha 26%, no cálculo do instituto, e não parou de crescer.

A campanha de Bolsonaro à época tentou minimizar a declaração e o gesto dele empunhando o tripé como se fosse um fuzil. Sua assessoria chegou a dizer à imprensa que se tratava de “uma brincadeira, como sempre”. Nesta segunda-feira, quase quatro anos depois, o presidente foi questionado sobre o episódio. À repórter que fez a pergunta, ele retrucou e perguntou se ela sabia o que era “sentido figurado”.

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