Mundialmente reconhecido como uma das maiores festividades do planeta, o Carnaval brasileiro ganhou destaque nas manchetes internacionais, em 2024, também pelos temas abordados pelas escolas de samba. Nos últimos dias, diversos veículos de imprensa no exterior repercutiram as questões políticas e sociais que pautaram os desfiles no Sambódromo do Rio de Janeiro.
O jornal The Washington Post, dos Estados Unidos, publicou uma reportagem da agência Associated Press sobre o samba-enredo da Salgueiro em homenagem aos povos indígenas ianomâmis, que habitam um vasto território amazônico na fronteira entre Brasil e Venezuela, e a grave crise humanitária que afeta a população devido ao garimpo ilegal na região.
“Os dançarinos usaram o maior palco no Rio de Janeiro para pressionar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a cumprir a promessa de erradicar o garimpo ilegal”, diz a matéria. O texto da agência circulou também no jornal El País, da Espanha, e no portal da emissora de televisão norte-americana NBC News.
O tema ianomâmi foi ainda abordado no site da TV britânica BBC. Com a manchete “Carnaval do Rio de Janeiro leva a Floresta Amazônica” às ruas, a emissora destacou a homenagem da Salgueiro ao jornalista inglês Dom Phillips e ao indigenista Bruno Pereira, assassinados na Amazônia em 2022, e citou a participação da viúva de Dom, Alessandra Soares, no Sambódromo. A escola foi a terceira a atravessar a passarela na noite do último domingo, 12.
Memória da escravidão
O jornal do Reino Unido The Guardian, por sua vez, publicou uma extensa reportagem com foco no desfile da Portela e sua apresentação pautada na memória da escravidão no Brasil. Segunda escola a pisar na Sapucaí no domingo, a agremiação homenageou o ex-escravo Luiz Gama, que enfrentou o preconceito e as instituições do período imperial e tornou-se o primeiro advogado negro da história brasileira.
Além da Portela, o periódico britânico repercutiu a participação de Alcione no desfile da Mangueira, com o samba-enredo A Voz Negra do Amanhã, e as alegorias da Paraíso do Tuiuti em homenagem ao marinheiro negro João Cândido, que liderou a Revolta da Chibata, no Rio de Janeiro, no início do século XX.