O União Brasil, que irá nascer da fusão do PSL e do DEM, tem planos de se tornar o maior partido brasileiro em 2022, tanto em número de deputados na Câmara quanto em dinheiro para financiar a legenda e a sua participação nas eleições.
A estimativa é que, com os reajustes dos fundos eleitoral e partidário aprovados pelo Congresso na semana passada, o novo partido tenha 1,05 bilhão de reais para gastar na eleição do ano que vem, a maior quantia entre todas as siglas. O PT, segundo colocado, terá em torno de 630 milhões de reais.
O cofre cheio é uma contribuição principalmente do PSL, que se tornou o novo-rico do sistema partidário brasileiro ao eleger 52 deputados federais em 2018 na esteira da onda conservadora que levou Jair Bolsonaro, então no partido, à Presidência da República.
Como a distribuição do dinheiro público para as eleições é feita levando em conta o desempenho dos partidos na última eleição legislativa nacional, para o União Brasil continuar sendo bilionário, será fundamental eleger o maior número possível de deputados federais em 2022.
Para isso, no entanto, terá um sério problema a superar: não vai poder contar com a maioria dos puxadores de votos que teve na eleição anterior após o racha com Bolsonaro, que deixou o partido no final de 2019.
Um bom exemplo é o de São Paulo. O deputado federal mais votado da história do país, Eduardo Bolsonaro (teve 1.843.735 votos em 2018), vai deixar o partido assim que a legislação permitir (em abril de 2022) para provavelmente ir para o PL, novo partido do seu pai.
Com ele devem ir também outros puxadores de votos no estado, como o “princípe” Luiz Philippe de Órleans e Bragança (118.457 votos), Coronel Tadeu (98.373) e Carla Zambelli (76.306).
Além disso, deixaram o PSL os deputados federais Joice Hasselmann, a segunda colocada em 2018, com 1.078.666 votos, e Alexandre Frota (155.522 votos) – a primeira vai e o segundo já foi para o PSDB.
Dos sete deputados mais votados do PSL em São Paulo na última eleição, só Júnior Bozzella (78.712 votos e apenas o 54% votado no ranking geral do estado) será candidato pelo União Brasil para 2022.
Outros estados
O problema se repete em outros estados. No Rio de Janeiro, por exemplo, Hélio Lopes, amigo do presidente Bolsonaro, foi o mais votado em 2018, com 345.234 votos. Também deverão deixar o PSL Carlos Jordy, Luiz Lima, Major Fabiana e Chris Tonietto, todos entre os dez mais votados da legenda no Rio.
Em Minas, o campeão de votos do PSL foi o ex-ministro Marcelo Álvaro Antônio, que deverá seguir com Bolsonaro. No estado mais bolsonarista do país, Santa Catarina, três dos quatro deputados mais votados pelo partido irão buscar outro rumo: Daniel Freitas, Caroline de Toni e Coronel Armando.