Desde que vieram à tona as suspeitas de corrupção no Ministério da Educação na gestão do agora ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, envolvendo dois pastores, Gilmar Santos e Arilton Moura, a postura de algumas das principais lideranças evangélicas que apoiam o governo de Jair Bolsonaro (PL) mudou da água para o vinho. Se no início apostavam na inocência do ministro, nomes como Marco Feliciano e Silas Malafaia passaram a pedir a cabeça do titular do MEC com o passar dos dias.
Logo que vazou o áudio no qual Ribeiro afirmava que, a pedido de Bolsonaro, priorizava as indicações de Santos e Moura nos repasses do MEC aos municípios, Bolsonaro sinalizou que manteria o ministro no cargo. A escolha foi elogiada por Feliciano. No Twitter, o pastor escreveu que admirava o presidente por manter Milton Ribeiro e “não se importar com o que a imprensa diz”.
Admiro o Pr @jairbolsonaro por manter @mribeiroMEC e por ñ se importar c/o q a imprensa diz. Resumo: o governo não se abalou, os bolsonaristas sofreram apenas um pequeno arranhão, mas nós evangélicos sofremos um golpe quase mortal às vésperas de uma eleição q será muito difícil.
— Marco Feliciano (@marcofeliciano) March 24, 2022
Cinco dias depois, Feliciano passou a defender a renúncia do ministro. “Quando o senhor precisou, em sua indicação, eu o defendi. Quando errou empregando esquerdistas, eu o repreendi. Hoje peço por favor, se licencie até o término das investigações, pois nós evangélicos estamos sangrando”, publicou na mesma rede social. Consumado o pedido de demissão, nesta segunda-feira, 28, o pastor agradeceu o “gesto de coragem, ainda que tardio”.
Sr Ministro @mribeiroMEC Qdo o senhor precisou, em sua indicação, eu o defendi, qdo errou empregando esquerdistas eu o repreendi. Hj peço por favor, se licencie até o término das investigações, pois nós evangélicos estamos sangrando. Sendo provada a inocência, retorne ao cargo.🙏🏻
— Marco Feliciano (@marcofeliciano) March 28, 2022
Malafaia foi por um caminho semelhante. Na primeira vez em que se manifestou sobre o caso, através de um vídeo no YouTube, o pastor pediu para que o Ministério Público Federal e a Polícia Federal investigassem o caso e que Ribeiro “prove que é honesto”. Mas não deixou de ressaltar que, em sua visão, “a imprensa finge que não sabe que o ministro, no ano passado, enviou à CGU (Controladoria-Geral da União) a suspeita sobre os pastores e que está sob sigilo a investigação”.
O discurso mudou a partir do momento em que passou a circular na imprensa a imagem de uma Bíblia que estava sendo distribuída e que trazia uma foto de Milton Ribeiro ao lado da esposa. “Vergonha total! Tem que ser demitido para nunca mais voltar”, publicou Malafaia em caixa alta na sua rede social.