Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Maquiavel

Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

As lágrimas do presidente da OAB

Indefinição sobre os desaparecidos prorroga dores que deveriam ter sido superadas

Por Fernando Molica
Atualizado em 29 jul 2019, 21h29 - Publicado em 29 jul 2019, 20h16

Há alguns anos, tive um almoço de trabalho com Felipe Santa Cruz, que então ocupava a presidência da OAB-RJ. O tema da conversa era o lançamento de uma campanha ligada ao tema dos mortos e desaparecidos pela ditadura. Eu, que editava uma coluna de um jornal carioca, publicaria nota sobre o assunto.

Em determinado momento da conversa — testemunhada por uma colega que fazia a assessoria de imprensa da OAB —, toquei no nome do pai de Felipe, Fernando Santa Cruz, sequestrado pela ditadura em 1974 e que desde então integra a lista de desaparecidos. É possível que eu tenha citado que era vizinho de dona Risoleta, mãe de Eduardo Collier Filho, que havia sido preso com Fernando e que também nunca mais seria visto.

Para minha surpresa, diante da simples citação do nome de seu pai, Felipe — advogado, presidente de importante seccional da OAB — começou a chorar. Não ficou apenas de olhos marejados, chorou de maneira incontrolável. As lágrimas jorraram — Felipe parecia impassível, seu rosto não ficou vermelho, ele não soluçou, mas não conseguia parar de chorar.

Fiquei comovido, constrangido, pedi desculpas. Soube depois que a cena não era incomum, que Felipe sempre se emocionava ao ser surpreendido por uma citação ao pai que mal conheceu — tinha pouco menos de 2 anos quando ele foi levado.

Hoje, o que está em jogo não é a atuação de Fernando Santa Cruz e de Eduardo Collier Filho, o que fizeram ou deixaram de fazer. A questão não é ideológica, mas humana. As mães de Eduardo e Fernando morreram — uma com mais de 90 anos, outra com 105 anos — sem saber o que foi feito de seus filhos, nem sequer tiveram o direito de enterrá-los. Uma incerteza transmitida ao longo de gerações, que reaviva dores, que impede que as lágrimas sequem.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.