Com a ascensão do bolsonarismo e a onda antipetista que atingiu o país nos últimos anos, o PT teve um desempenho pífio nas eleições municipais de 2016 e 2020. O partido elegeu 71 prefeitos a menos que no pleito de quatro anos atrás e não conquistou nenhuma capital pela primeira vez desde a fundação da legenda. Além disso, teve a pior votação de sua história em São Paulo com Jilmar Tatto, que terminou em sexto lugar. A sigla agora tenta recuperar o terreno. Para isso, lançou pré-candidatos em pelo menos catorze capitais.
Na eleição deste ano, o partido aposta em seu principal cabo eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para tentar retomar espaço nas grandes cidades. Em 2004, um ano após o petista ter iniciado o seu primeiro mandato presidencial, o PT obteve a maior vitória de sua história nos grandes centros, ao eleger prefeitos em nove capitais.
Uma das principais apostas é Porto Alegre, com a deputada Maria do Rosário, a única petista que lidera as pesquisas entre as capitais. Ela disputa com o prefeito Sebastião Melo (MDB), desgastado pelas enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul.
Em Teresina, o deputado petista Fábio Novo está tecnicamente empatado com o prefeito Silvio Mendes (União Brasil). Por outro lado, tem a seu favor o apoio do governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), que tem uma alta taxa de aprovação do eleitorado.
Os petistas também tem esperança de vencer em Fortaleza, com Evandro Leitão. O cenário na capital cearense, porém, não é tão favorável para o partido. Segundo o instituto Paraná Pesquisas, o petista está numericamente em quarto lugar na disputa, atrás de Capitão Wagner (União Brasil), André Fernandes (PL) e do prefeito José Sarto (PDT).
Dirigentes da sigla também mostram otimismo com os cenários de Vitória, Goiânia, Cuiabá, Natal, Belo Horizonte e João Pessoa, mas em nenhuma dessas capitais o candidato do partido lidera as pesquisas.
“A disputa não é fácil. Por outro lado, alguns prefeitos estão desgastados. Nós temos convicção que vamos eleger mais prefeitos do que em 2020”, diz o senador Humberto Costa, coordenador do grupo de trabalho eleitoral do PT. “Temos várias candidaturas competitivas. Estamos fazendo um acompanhamento dessas cidades com lupa e vamos investir recursos do fundo eleitoral. Não temos uma meta, mas vamos sair vitoriosos em algumas dessas capitais”, afirma o secretário de comunicação do partido, deputado Jilmar Tatto.
Tendência conservadora
Como mostrou reportagem de VEJA na edição desta semana, o favoritismo de candidatos à reeleição complica os planos do PT. O retrato da largada permite ver duas fortes tendências, ambas conservadoras: a opção pela reeleição dos atuais prefeitos e a preferência por legendas do centro à direita no espectro político.
Nas duas últimas disputas (2016 e 2020), quase 80% dos gestores de capitais foram reconduzidos ao cargo. Vinte dos 26 prefeitos de capitais disputam um novo mandato na eleição deste ano. A maioria (onze) está em vantagem na corrida, segundo as pesquisas eleitorais. Outros seis, embora não estejam liderando, estão em posição competitiva.