O plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) cassou o deputado estadual Arthur do Val (União Brasil). Às 18h desta terça-feira, 17, o placar fechou com 73 votos a favor da cassação, nenhum voto contrário e nenhuma abstenção, do total de 94 deputados. Com o resultado, ele fica inelegível por oito anos.
O processo contra o parlamentar, conhecido como Mamãe Falei, foi aberto após a repercussão de áudios de conteúdo sexista. O deputado fazia uma viagem à Ucrânia, em que anunciou que entregaria doações a refugiados, quando circularam gravações nas quais ele diz que as mulheres ucranianas “são fáceis porque são pobres”. Arthur retirou sua pré-candidatura a governador de São Paulo e foi expulso do Podemos logo após a divulgação dos áudios. Ele também renunciou ao mandato após o Conselho de Ética aprovar o procedimento contra ele, mas a votação desta terça serviu para afastá-lo das eleições deste ano.
A votação foi marcada por várias brigas e bate-bocas entre parlamentares. Enquanto o presidente da Alesp, deputado Carlão Pignatari (PSDB), anunciava o resultado, a deputada Valéria Bolsonaro (PL) brigava com José Américo (PT). Minutos depois, ela usou o microfone para dizer que ele tinha ofendido parlamentares mulheres. Os dois tiveram de ser contidos e apartados pelos colegas no plenário.
“Hoje é um dia muito triste, mas não podemos aceitar no maior Parlamento (estadual) da América Latina nenhum tipo de colocação nesse sentido (machista)”, disse Pignatari ao encerrar a sessão.
Essa é a terceira vez que a Alesp cassa um mandato desde a redemocratização do país. A última cassação ocorreu em 1999, quando o deputado Hanna Gharib perdeu o mandato após o escândalo da Máfia dos Fiscais na Prefeitura de São Paulo. À época, o deputado foi acusado de integrar um grupo que extorquia camelôs e comerciantes, e anos depois ele foi condenado a 20 anos de prisão. Antes disso, em 1986, o deputado Jacob Lopes também perdeu o mandato após ser acusado de cobrar 200 milhões de cruzeiros para manter uma concessão de linhas de ônibus em Mogi das Cruzes, seu reduto eleitoral. Os dois casos configuraram quebra de decoro de parlamentar.
“Tivemos um marco importante hoje com a cassação do Arthur”, disse a deputada Marina Helou (Rede). “Votei a favor porque, claramente, não há mais espaço para a violência contra a mulher, o machismo e misoginia na política e na Alesp.”