Aliados de Jair Bolsonaro veem com resignação a futura condenação do ex-presidente pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por crimes eleitorais, mas tentam manter algum otimismo. A Corte formou maioria, nesta sexta-feira, 30, para declará-lo inelegível por oito anos. Com seis dos sete votos proferidos até agora, o placar é de 4 a 2 para barrar Bolsonaro das próximas eleições.
Para o deputado federal Capitão Augusto (SP), vice-presidente nacional do PL, Bolsonaro permanece como o “plano A” para a próxima disputa presidencial em 2026 e deverá sair “fortalecido” do julgamento. A depender do resultado do placar final, diz o parlamentar, a legenda estuda meios de reverter a decisão, entre eles um possível pedido de anistia.
“Ainda cabe grau recursal para o Supremo Tribunal Federal, que é remota a chance, mas que a gente tem que recorrer pra mostrar a nossa indignação dessa inelegibilidade”, afirma. “Tem a possibilidade também de um projeto de lei de anistia para o qual já estamos coletando assinaturas na Câmara, e eu acredito que a ala conservadora tenha no mínimo 180 deputados federais”.
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, disse que “ninguém pode proibir o amanhã”. “Podem ferir o presente. Podem nublar o hoje, mas ninguém pode impedir o futuro. Ninguém pode proibir o amanhã. A esperança está mais viva do que nunca”, postou. “Alguns irão dizer: só nos resta a esperança. Outros dirão: a esperança é tudo. Não precisamos de mais nada”, completou.
Ex-ministro do Turismo de Bolsonaro, Gilson Machado alertou para os “rumos da democracia” no país. “Agora tornaram inelegível um ex-presidente da República alegando crime de opinião, algo que já foi banido há muitas décadas em todas as nações democráticas do mundo livre. Aonde vai parar isso?”, publicou.
Nikolas Ferreira (PL-MG), deputado federal mais votado do país em 2022 e aliado de Bolsonaro, fez um curto lamento nas suas redes sociais. “Vence o sistema”, postou.
A deputada Rosana Valle (PL-SP) também demonstrou contrariedade ao resultado do julgamento do TSE. “Vivemos tempos estranhos no Brasil. A Justiça que tornou um ex-presidente inelegível por suas falas também permitiu que outro ex-presidente, condenado pelo maior escândalo de corrupção do país, pudesse concorrer às eleições. A História será nosso juiz”, afirma.
Alternativa
Para Capitão Augusto, Bolsonaro seguirá como o “líder da direita conservadora” no país, sendo “fundamental” para as eleições municipais do ano que vem, além de peça-chave para a disputa presidencial de 2026 — na qual despontam possíveis nomes para herdar o espólio bolsonarista, como o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
“Numa hipótese em que Bolsonaro não possa concorrer, temos o Tarcísio, que está fazendo um excepcional mandato no estado de São Paulo, maior colégio eleitoral do Brasil, e o Romeu Zema, que foi reeleito no primeiro turno em Minas Gerais e que representaria muito bem a direita”, diz Capitão Augusto.
O vice-presidente do PL sinaliza ainda que engrossam a lista nomes como o da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, com sua “desenvoltura na política”, o governador do Paraná, Ratinho Jr (PSD), a senadora e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PL-MS) e o governador de Goiás Ronaldo Caiado (União Brasil).