O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, desagradou ao bolsonarismo radical ao sugerir que fosse exigido comprovante de vacinação de visitantes oriundos dos países do sul da África por conta da nova variante de Covid-19 identificada na África do Sul. O governo brasileiro, por recomendação da Anvisa, decidiu fechar as fronteiras para seis nações africanas.
“A gente tem defendido a abertura, isso aqui não só no Brasil, para que aquelas pessoas que estejam com a imunização completa, com as vacinas reconhecidas pela OMS. Entendo que isso é importante para a economia de todo os países. Então, restrição é a diminuição das exigências sanitárias para aqueles com imunização completa e procedimentos mais rígidos do ponto de vista sanitário. É nessa linha que a gente vai seguir”, afirmou o ministro no último sábado, 27.
Nas redes sociais, a declaração provocou cobranças e questionamentos da base eleitoral mais radical e conservadora do governo. “Obrigar que uma pessoa estrangeira tome as diversas doses de ‘vacina’ da Covid para entrar no Brasil é ser a favor da obrigatoriedade da vacina. Sem jogos de palavras, por favor”, escreveu uma usuária do Twitter. Um apoiador do governo afirmou que Tarcísio deve passar por um “curso de conservadorismo básico para ele nunca mais defender passaporte sanitário e outras pautas”.
Mais tarde, o ministro da Infraestrutura tentou se explicar no Twitter. A tentativa veio em uma postagem do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que convidava Tarcísio para uma visita a São Paulo, estado onde ele deve disputar o governo na eleição de 2022. Tarcísio disse que havia feito essa sugestão para impedir o fechamento das fronteiras.
https://twitter.com/tarcisiogdf/status/1465075948131344391?s=20
Mesmo depois da explicação, no entanto, os bolsonaristas continuaram questionando o ministro.
https://twitter.com/tarcisiogdf/status/1465074863954083846?s=20
Os questionamentos a Tarcísio têm vindo basicamente da ala mais à direita do bolsonarismo, que não vê com bons olhos a candidatura de Tarcísio, que foi uma imposição do presidente Jair Bolsonaro. Essa ala prefere o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, que já manifestou o desejo de disputar o governo de São Paulo.
A ironia é que a oposição à vacinação obrigatória e à exigência do chamado passaporte da vacina são bandeiras do próprio Bolsonaro, que desde o começo da pandemia, em 2020, tem dito que é contra a imposição da imunização.