O debate político atual contém uma grande ironia: o bolsonarismo, tão marcado pela lamentável postura negacionista durante a pandemia, com destaque para o esforço para desacreditar no período as vacinas contra a Covid, está indo agora às redes para atacar o governo atual pela lentidão em distribuir… vacinas. Sim, isso mesmo. Parlamentares de oposição e eleitores de Jair Bolsonaro têm explorado a atuação do governo Lula no combate à dengue e a demora do governo atual para iniciar a imunização contra a doença nas redes sociais.
Nos últimos dias, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho “01” do ex-presidente, fez publicações em que fala sobre o aumento de casos e critica o suposto atraso na compra das vacinas contra a dengue. Ele também citou o investimento feito no governo Bolsonaro para a compra de vacinas contra a Covid-19, mas, claro, sem lembrar que a gestão do pai chegou a ironizar a eficácia dos imunizantes e ignorou por um tempo ofertas da Pfizer para trazer o produto ao país. “Adivinha quem a imprensa chamou de genocida?”, diz a publicação do Zero Um.
Marcelo Queiroga, ex-ministro da Saúde de Bolsonaro, criticou a estratégia de vacinação adotada pelo governo atual. “Não bastasse a morosidade para iniciar o processo de vacinação da população, ainda negligencia a vacinação para idosos, que é o grupo de maior risco. Eles estão sem rumo. Um verdadeiro retrocesso!”, afirmou.
Nos últimos dias, apoiadores do ex-presidente também fizeram diversas publicações com a hasgtag #LulaGenocida, abordando a dificuldade do governo em combater a dengue.
O Ministério da Saúde iniciou, no dia 8, a distribuição das vacinas contra a dengue para os municípios. O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal de saúde. “A imunização contra a dengue começou pelas crianças de 10 a 11 anos e vai avançar progressivamente assim que novos lotes forem entregues pelo laboratório fabricante. A escolha dessa faixa etária foi baseada no maior índice de hospitalização”, informou a pasta.
O governo, porém, ainda enfrenta dificuldades em combater o mosquito — o país contabiliza 195 mortes confirmadas pela doença e 672 em investigação. São 973.347 casos prováveis da doença, segundo dados do Ministério da Saúde.