Em mais um capítulo da disputa travada pelos irmãos Cid e Ciro Gomes pelo controle do PDT no Ceará, Cid obteve na Justiça uma importante vitória, após o diretório nacional, ligado a Ciro, dissolver o diretório estadual, comandado pelo atual senador.
Para a juíza Maria de Fátima Bezerra Facundo, da 28° Vara Cível de Fortaleza, a dissolução do órgão regional configura uma ilegalidade. “Não me escoro de dúvidas, de que a dissolução de todo o diretório estadual, à manu militari, configura, no mínimo, ofensa aos primados do próprio estatuto do partido político (…). A inativação se deu de maneira arbitrária, sem a observância do contraditório e da ampla defesa, que, por se tratarem de garantias constitucionais, não podem ser olvidadas nos procedimentos administrativos”, afirmou a magistrada.
Na ação proposta pelo parlamentar e mais dezessete deputados (estaduais e federais), Cid Gomes qualificou a tentativa de alteração do comando da sigla como uma “manobra ilegal para justificar a dissolução do diretório para a aprovação forçada de uma comissão provisória, em claro desvio de finalidade de suas próprias funções institucionais”.
Como a decisão é em caráter liminar, cabem recursos tanto em primeira instância (embargos) quanto em segundo grau.
A nova briga entre os irmãos é mais um capítulo da conflagrada relação de ambos, que já foram aliados. Eles caminhavam juntos até o ano passado, quando o ex-governador Camilo Santana (PT) deixou o estado para concorrer ao Senado. O atrito começou quando da escolha para o postulante à sucessão de Camilo — pelo acordo entre as legendas, era a vez de o PDT indicar o nome.
Camilo começou a articular pelo nome de Izolda Cela (PDT) — sua vice que assumira o Palácio da Abolição –, mesmo com outros pedetistas ainda no páreo, como o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio. Questionado na ocasião por Ciro, Camilo respondeu que o posicionamento pró-Izolda havia sido acordado com Cid — foi o estopim para o rompimento entre os irmãos.
Ciro terminou por apoiar Roberto Cláudio como candidato do PDT — ele ficou em terceiro lugar –, enquanto o PT lançou Elmano de Freitas, que liquidou a fatura no primeiro turno. O que já não andava bem foi ainda mais inflamado com a falta de apoio de aliados à campanha presidencial de Ciro — Cid e outros correligionários fizeram campanha tímida ao presidenciável no primeiro turno e, no segundo, debandaram para o palanque de Lula.