Enquanto o bolsonarismo e a esquerda se preparam para disputar as ruas no dia 7 de setembro, um grupo bastante multifacetado — que inclui de ex-bolsonaristas a lavajatistas, passando por tucanos e partidos e movimentos que pregam renovação política – se mobiliza para a manifestação de domingo, 12 de setembro, a única neste ano que não deverá ter defensores nem do presidente Jair Bolsonaro nem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje os dois principais candidatos ao Planalto em 2022.
Embora uma das pautas do ato seja o pedido de impeachment de Bolsonaro, será a primeira manifestação organizada por grupos que não são ligados à esquerda, tanto que um dos motes mais difundidos nas redes sociais é o “Eles não – Nem Lula nem Bolsonaro”.
A convocação está sendo feita, principalmente, pelo MBL (Movimento Brasil Livre) e pelo Vem pra Rua, dois grupos que se consolidaram nos grandes atos de rua de 2015 e 2016 que foram decisivos para o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
https://twitter.com/MBLivre/status/1413186611915988992?s=20
Mas a manifestação, por não ter a presença da esquerda lulista, ganhou a adesão de simpatizantes de partidos como o PSDB, o Cidadania e o Novo, de presidenciáveis como João Doria (PSDB), Ciro Gomes (PDT) e Sergio Moro. Também estão envolvidos militantes do movimento de renovação política Livres, um dos vários que surgiram na última década, e até ex-bolsonaristas, como a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP).
https://twitter.com/joaoamoedonovo/status/1430581528199827459?s=20
“Desejamos uma alternativa ao país, novas lideranças que possam surgir e oxigenar a polarização tão tóxica e nociva concentrada em ambas as figuras, Lula e Bolsonaro”, afirma Luciana Alberto, porta-voz do movimento do Vem pra Rua. De acordo com ela, o grupo nem chegou considerar participar dos atos da oposição em 7 de setembro devido ao fato de a esquerda apoiar a candidatura de Lula.
https://twitter.com/EuSouLivres/status/1413189722508255235?s=20
Segundo Luciana Alberto, a ideia é que a manifestação seja “pacifica, democrática, sem confrontos, suprapartidária e que realmente concentre a grande maioria da população que não deseja nem um, nem outro”. Isso não ocorreu em tentativas anteriores de parte desse grupo de participar dos atos da esquerda, como em julho, quando manifestantes tucanos foram agredidos por militantes do PCO (Partido da Causa Operária) em São Paulo.
Risco de confronto
É grande a possibilidade de manifestantes de esquerda e bolsonaristas se encontrarem nas ruas em 7 de setembro. A movimentação dos apoiadores de Jair Bolsonaro tem sido grande, inclusive com o apoio do presidente, que prometeu comparecer a atos em Brasília e, talvez, em São Paulo.
Já a esquerda tem vários protestos marcados para o mesmo dia em todo o país em razão de essa ser data em que acontece há 26 anos o Grito dos Excluídos, evento organizado por uma ala da Igreja Católica, mas que é tradicionalmente encampado por movimentos sociais como MST (sem-terra) e MTST (sem-teto).
Um dos casos que mais preocupam é o da cidade de São Paulo, onde os bolsonaristas estarão na Avenida Paulista no mesmo horário em que os esquerdistas farão ato no Vale do Anhangabaú – os dois locais ficam na região central e estão separados por 3 km. O governador João Doria tenta impedir o ato da oposição, alegando razões de segurança.