O encaminhamento da demissão da ministra do Esporte, Ana Moser, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem deixado a base bolsonarista em polvorosa.
Desde a última terça-feira, 5, aliados de Jair Bolsonaro ironizam a decisão de Lula, que integra um movimento mais amplo para acomodar partidos do Centrão no governo em troca de apoio no Congresso. A expectativa é que a pasta do Esporte vá para o deputado André Fufuca (PP-MA), aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Curiosamente, o ministério que agora é alvo do fogo cruzado foi extinto pelo próprio governo Jair Bolsonaro. Ao assumir a Presidência, em 2019, o então presidente incorporou as atribuições da pasta ao Ministério da Cidadania – a pasta específica para Esporte foi recriada no governo Lula.
“É INCONCEBÍVEL a demissão injustificável da Ana Moser. O esporte brasileiro não merece isso. É claramente o Brasil retrocedendo”, postou nas redes sociais o advogado Fabio Wajngarten, ex-ministro da Secretaria de Comunicação de Bolsonaro e aliado de primeira hora do ex-presidente.
Expoente bolsonarista no campo esportivo, o deputado federal Maurício do Vôlei (PL-MG) compartilhou no Instagram uma notícia sobre a substituição de Ana Moser por Fufuca, ironizando a demissão da ministra.
O correligionário Nikolas Ferreira (PL-MG) também se manifestou nas suas redes. “Expectativa: ser uma mulher empoderada que salvará o esporte no Brasil. Realidade: tomar um pé na bunda e ser substituída para o Centrão”, publicou o deputado.
https://twitter.com/fabiowoficial/status/1699262786637885656?s=20
Dança das cadeiras
Além do embarque de André Fufuca, do PP, no governo, as trocas ministeriais também preveem a chegada à Esplanada dos Ministérios do deputado Silvio Costa Filho, do Republicanos, que deve ocupar a cadeira de um dos ministros do PSB – ou a pasta da Indústria e Comércio do vice Geraldo Alckmin, ou Portos e Aeroportos de Márcio França.
Enquanto o governo Lula discute o redesenho interno para incorporar as legendas ao governo, o entorno dos cotados a ministros considera que a medida, negociada há meses mas tida como certa, vai dar mais tranquilidade ao Executivo para aprovar propostas na área econômica no Congresso. O cálculo é que a iniciativa signifique de 55 a 60 votos de ambas as legendas. A bancada do PP tem 49 deputados, e a do Republicanos, 41, mas nenhuma das duas legendas garante apoio integral ao governo.