A grave seca que atinge a região Nordeste desde junho deste ano deve piorar nos próximos meses e continuar, pelo menos, até janeiro de 2024, segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O principal causador da crise é o fenômeno El Niño — aquecimento das águas do Oceano Pacífico que intensifica as chuvas no Sul do país e reduz as precipitações no Norte e Nordeste –, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), vinculados ao MCTI.
O monitoramento indica que o ápice do El Niño deve ocorrer entre os próximos meses de dezembro e janeiro, mas o fenômeno continuará agindo ao longo do primeiro semestre de 2024 e pode manter as precipitações escassas também durante o período chuvoso do Nordeste, agravando a crise. “Se não chover na estação chuvosa, as chuvas só deverão ocorrer na próxima estação, que começa a partir de novembro”, afirma Marcelo Seluchi, coordenador-Geral de Operações e Modelagem do Cemaden.
Mais de cem municípios nordestinos estão em situação de seca severa, o que prejudica cerca de 30% das terras férteis na região — no extremo oeste da Bahia, a área afetada chega a 80%. O risco de falta de abastecimento de água ainda é baixo, já que os reservatórios se mantêm em níveis regulares por conta do fenômeno La Niña — oposto do El Niño — que intensificou as chuvas no ano passado. Além do Nordeste, a seca atinge também o Norte do Brasil, que vive uma escassez de chuvas na região da bacia amazônica.