Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

Lula não acabou com a farra fiscal de Bolsonaro

Na comparação entre os dois governos, Lula se sai pior em termos fiscais

Por Maílson da Nóbrega 17 jun 2024, 15h47

Em entrevista nesta segunda-feira, 17, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que, ao contrário do que se diz, o governo prima pela responsabilidade fiscal. Para ele, Lula acabou com a “farra fiscal” de Jair Bolsonaro. O ministro reagia à percepção do mercado, de piora da situação fiscal, o que tem acarretado alta dos juros futuros, dólar mais caro e revisões das projeções sobre a trajetória da inflação. Tudo isso tem contribuído para desancorar as expectativas, o que provavelmente levará o Comitê de Política Monetária do Banco Central a manter a taxa Selic de 10,5% na reunião da próxima quarta-feira.

Chame-se de farra ou não, os gastos federais aumentaram mais no governo Lula. Bolsonaro, é verdade, adotou, nos meses anteriores às eleições presidenciais de 2022, várias medidas populistas para turbinar sua popularidade e assegurar sua reeleição. Uma delas mais do que triplicou o valor dos benefícios do programa Auxílio Brasil (como ele rebatizou o Bolsa Família), cujo valor passou para 600 reais (antes, era de 190 reais). Outra foi a redução compulsória do ICMS (um tributo estadual) sobre gasolina, diesel e gás de cozinha. Finalmente, o calote nos precatórios, estabelecendo o pagamento de apenas uma parte anual dessas obrigações. O valor final seria pago em 2027.

Na realidade, Lula manteve o valor de 600 reais para o Bolsa Família e criou um auxílio adicional de 150 reais por criança de famílias beneficiadas com o programa. Ainda no período de transição, antes de assumir o cargo pela terceira vez, Lula propôs (e o Congresso aprovou) a PEC da Transição, que acarretou gastos adicionais de 145 bilhões de reais, a serem despendidos em dois anos, os quais não foram considerados no teto de gastos. É preciso reconhecer que a excessiva rigidez orçamentária poderia criar dificuldades intransponíveis para a gestão do governo, mas isso não permite imaginar que a medida tenha sido neutra para a situação fiscal do país.

O melhor indicador para avaliar a postura fiscal dos governos Bolsonaro e Lula é o resultado primário estrutural calculado pela Instituição Fiscal Independente – IFI, o qual não computa eventuais efeitos transitórios e choques imprevisíveis de curto prazo. Olhado por esse ângulo, o período Bolsonaro é, em termos fiscais, inequivocamente melhor do que o do primeiro ano de Lula. Com populismo e tudo, nos dois últimos anos de Bolsonaro (período melhor para a comparação, pois exclui os gastos com a covid-19), o resultado primário dos gastos federais exibiu superávits de 0,58% do PIB em 2021 e de 0,19 do PIB em 2022. No primeiro ano de Lula, houve um déficit de 1,65% do PIB.

O ministro Padilha pode recorrer a muitas outras comparações que apontam resultados melhores para Lula, incluindo a retomada de políticas ambientais responsáveis, o abandono do negacionismo e o isolamento internacional. No confronto fiscal, todavia, o ganhador é Bolsonaro. O ministro buscou acalmar o mercado financeiro, o que não conseguiu, principalmente porque seus economistas especializados em contas públicas se conectam mais com a realidade dos números do que com a retórica. No exato momento em que este texto era escrito, a Bolsa caía, os juros futuros subiam e o dólar tinha passado de 5,40 reais.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.