Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

É correto imitar os Estados Unidos?

A comparação com a política industrial americana é imprópria

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 3 jun 2024, 17h15 - Publicado em 16 mar 2024, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Integrantes do governo defenderam o plano Nova Indústria Brasil (NIB), alegando que os Estados Unidos teriam adotado ações semelhantes. De fato, países ricos têm aprovado políticas industriais, mas não se pode confundir alhos com bugalhos.

    A NIB reedita fracassadas medidas que geraram desperdícios e beneficiaram grupos bem conectados, o que inibiu a produtividade. Claro, há aspectos positivos, como o de incentivar a inovação, mas se começou com empréstimo subsidiado de 500 milhões de reais a uma empresa automobilística. Será que ela precisaria do Brasil para enfrentar a competição da indústria chinesa?

    Logo após, o presidente do BNDES defendeu apoio à indústria naval. Comparou a produção de navios à de aeronaves da Embraer. Seria como se seu êxito fosse reproduzível em novo programa naval. Difícil. Nos anos 1980, exportávamos navios, mas isso acontecia porque, além dos incentivos fiscais, o governo complementava a receita das empresas, pagando-lhes 40% do que recebiam por navio. Desde então, nenhuma reencarnação do programa deu certo.

    “A política industrial deveria adotar medidas de avaliação permanente de suas ações”

    Segundo o economista Daron Acemoglu em Letter from America: When Industry Means Hard Work (Royal Economic Society, res.org.uk), as medidas americanas objetivam “a transição verde, a competição tecnológica com a China e a revisão das cadeias globais de valor”. Neste último caso, os efeitos da pandemia de Covid-19 evidenciaram a vulnerabilidade a cadeias longas de produção. Busca-se, assim, realocá-las para países mais próximos (nearshoring) ou amigos (friendshoring). O objetivo não é a industrialização, mas atender a questões de segurança nacional. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, falou em de-risk: afastar o risco de dependência dos suprimentos da China.

    Continua após a publicidade

    Acemoglu lança alertas sobre as políticas industriais do governo Biden. Elas precisavam, disse, ser baseadas em estudos bem documentados sobre a existência de falhas de mercado, de forma a justificá-las, o que parece não ter acontecido. Para ele, foram poucos os casos de sucesso de tais políticas. Cita especificamente os da Finlândia e da Coreia do Sul. Políticas industriais, conclui, necessitam mirar a competitividade, e não a escolha de vencedores, como ocorreu frequentemente na América Latina.

    Outro conceituado analista, o jornalista Fareed Zakaria, também criticou as políticas industriais de Biden. Assinalou que elas têm sido crescentemente defensivas, como se destinadas a proteger “um país que supostamente se perdeu nas últimas décadas”. Seu artigo na mais recente edição da revista Foreign Affairs enfatiza, ao contrário, a ideia de que os Estados Unidos estão hoje mais fortes. Logo, a necessidade da política industrial seria questionável.

    Sobre a NIB, ainda há muito a fazer e a explicar. Por exemplo, adotar medidas para avaliação permanente de suas ações, bem como sua pronta interrupção se não corresponderem às expectativas do governo e do país. No passado não foi assim. Agora será?

    Publicado em VEJA de 15 de março de 2024, edição nº 2884

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.