Primeiro dia de aula: adaptação para os pais ou para os filhos?
Psicóloga diz que pais devem perguntar como a criança está se sentindo e trabalhar suas expectativas sobre a vida escolar
Esta semana está sendo a primeira da vida escolar de muitas crianças. Foi assim lá em casa, pois meu filho começou hoje no 1º ano do ensino fundamental. Ele se mudou para um colégio enorme, com 25 crianças por sala. Ele veio de uma escola pequena, com apenas 10 alunos na classe.
Essa diferença de tamanho já me deixou preocupada. Outro fator de apreensão foi o fato de não ter nenhum amiguinho conhecido na classe. Mas, do alto dos 6 anos, ele me surpreendeu, entrou na sala tranquilo, me deu um beijo e disse tchau.
Cada colégio lida de forma diferente com a fase de adaptação. No do meu filho, as crianças da educação infantil sairão mais cedo durante a primeira semana. Já as do ensino fundamental cumprirão horário normal. A diferença é que na primeira semana os pais poderão acompanhá-los até a porta da sala de aula – depois, os filhos são deixados na entrada da escola.
Confesso que tudo que aprendi sobre adaptação escolar não funcionou agora que foi minha vez de deixar o filho em um colégio novo. Relutei para sair da porta da sala, fiquei com os olhos marejados e o coração apertado.
Ajudou muito ter uma professora compreensiva e uma rede de apoio materno que se formou quase que imediatamente. Outras mães perceberam minha aflição e logo ofereceram apoio e incentivo. Consegui sair da escola com o coração mais aliviado. Fico feliz agora por achar que ele não percebeu como sou manteiga derretida.
Penso que cada família lida da forma que pode e acha melhor com as etapas do desenvolvimento da criança. Eu me programei para estar junto dele no primeiro dia de aula, mas já sei que não conseguirei repetir isso amanhã nem depois.
Toda essa história para dizer que a gente pode se preparar a vida toda para enfrentar o primeiro dia de aula, mas na hora H pode dar dor de barriga, de cabeça ou vontade de chorar. E está tudo bem, faz parte da vida temer o desconhecido. Outros pais também ficam ansiosos e ninguém é menos pai ou menas mãe por isso. Contar com uma rede de apoio facilita muito. Vou acreditar no que me disse a professora: “Mãe, seu filho vai ficar bem, confie nele.”
Vou listar abaixo algumas dicas sobre adaptação escolar feitas por Karin Kenzler, psicóloga e orientadora educacional do Colégio Humbold, em São Paulo:
Cuidar do emocional das crianças e adolescentes
Os pais devem perguntar como a criança está se sentindo com o início de um novo ano, se está animada, motivada ou apavorada, e trabalhar suas expectativas e angústias de acordo com o estado emocional. “É importante que a família converse a respeito das emoções para que a criança esteja preparada física e psicologicamente para fazer frente às exigências escolares”, diz Karin.
Planejar as atividades
Criar uma rotina e deixar a criança ciente das suas atividades ajuda a lhe dar mais segurança. O ideal é fazer uma agenda semanal dos filhos, para que todos compartilhem o que a família vai fazer, pois a criança não tem a noção de tempo como um adulto tem. Com um planejamento semanal do dia a dia e um mensal, a família consegue se programar ao longo do ano com férias, viagens, passeios e provas.
Cuidar da organização do material
Envolver a criança na organização do material e uniforme já é o primeiro passo para prepará-la para o novo ano. Segundo Karin, é bom focar na organização do material escolar, mala, lancheira e uniforme como se estivesse se preparando para uma partida de futebol, pois ajuda na retomada de forma animada, além de encorajar e motivar a criança. “É como num pré-jogo, em que atletas fazem pensamento positivo e bolam sua estratégia: neste ano, vou tentar fazer lição, estudar com antecipação, dar o máximo de mim”, diz Karin.
Converse muito
Uma dica minha é conversar com a criança sobre a nova escola, se possível, leve-a para conhecer antes das aulas, fale quem será será sua professora e conte que ela vai conhecer e fazer novos amigos.
Boa aula!