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Por que temos que dar mais atenção à doença de Chagas?

Mais de 1,2 milhão de brasileiros têm, mas 70% desconhecem. Falta de diagnóstico e tratamento pode desenvolver doenças cardiovasculares graves

Por Gláucia Maria Moraes de Oliveira
14 abr 2023, 11h06
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  • Trypanosoma cruzi, protozoário causador da Doença de Chagas
    Trypanosoma cruzi: protozoário causador da Doença de Chagas transmitida pelo barbeiro (Carolina Biological/Visuals Unlimited/Corbis/Corbis (DC)/Latinstock/VEJA/VEJA)

    Mais de 1,2 milhões de brasileiros têm doença de Chagas e 70% não sabem do diagnóstico. No mundo, o número de pacientes chega a 6 milhões. Os dados foram compilados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), com base em indicadores do SUS e internacionais.

    Provocada pelo protozoário Trypanosoma Cruz, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a doença de Chagas negligenciada, apesar da alta incidência. A falta de políticas públicas e investimentos em medicamentos para cura agravam o prognóstico de quem sofre com o problema que afeta o coração e o tubo digestivo, incluindo esôfago e intestino, ou ambos. Os pacientes não tratados adequadamente e não acompanhados, invariavelmente se convertem em doentes cardíacos graves.

    Por essa razão, a Sociedade Brasileira de Cardiologia vem estudando a evolução da doença no país e estimulando o debate sobre políticas públicas específicas no tema.  Arritmias e Insuficiência Cardíaca são as principais doenças do coração que se desenvolvem nestes pacientes.  Também aumentam-se consideravelmente as chances de morte súbita. Importante ressaltar que o diagnóstico precoce é fundamental, pois a chance de cura, se ele for feito nos primeiros dias de transmissão, é de até 100%, e diminui progressivamente com o passar dos anos. 

    A principal via de transmissão do tripanossomo é pelas fezes contaminadas do barbeiro, um percevejo (gênero Triatoma) que, ao picar o homem, elimina também o parasita nas fezes, mas têm crescido no mundo o número de casos de Chagas por outras vias de transmissão.

    A principal delas, que ocorre até mesmo em grandes cidades com alto grau de desenvolvimento em infraestrutura, é por meio da ingestão oral. Ocorre no consumo de frutas e bebidas como o açaí ou cana-de-açúcar. Nestes casos, a letalidade é maior porque o barbeiro é moído junto e a quantidade de protozoários que são ingeridos é muito alta. As demais vias de transmissão reconhecidas são pela passagem do parasita da mãe para o bebê durante a gestação, por transfusão de sangue, transplante de órgãos e por acidente laboratorial.

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    No caso de Chagas congênita, o risco apontado no Brasil é de um bebê a cada mil mães com a doença (cerca de 2%). Embora a incidência tenha reduzido consideravelmente nos últimos 40 anos, devido a melhorias, especialmente nas habitações e controle do vetor, a doença continua apresentando uma alta letalidade. Porém, a expectativa da OMS é erradicar a doença até 2050. 

    Casos recentes têm surgido em países nos quais não existe o percevejo —como nos Estados Unidos, que têm hoje cerca de 300 mil casos registrados, maior incidência fora de país tropical. Espanha e Portugal são países também com milhares de casos.  O avanço da doença em países mais desenvolvidos deve estimular pesquisas para medicamentos e até vacinas contra Chagas.

    *Gláucia Maria Moraes de Oliveira, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e Professora de Cardiologia na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

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