Desde 2008, comemora-se o Dia Mundial da Prematuridade. O dia é 17 de novembro, mas todo o mês de novembro, chamado roxo, tem como objetivo alertar e sensibilizar gestores, governantes e a sociedade sobre o crescente aumento do número de partos prematuros e suas formas de prevenção, além de informar sobre as consequências do nascimento antecipado e propiciar um atendimento adequado a essas crianças.
Embora haja países onde a desnutrição, as diarreias e a pneumonia ainda representem um enorme obstáculo, atualmente o parto prematuro é a principal causa de mortalidade infantil no Brasil. Assim como na maioria dos países desenvolvidos.
Cerca de um em cada dez partos em nosso país ocorre de forma prematura, ou seja, antes de a gestação completar 37 semanas. Quanto mais prematura e menor o peso da criança ao nascer, maiores são os riscos, as chances de complicações e, portanto, os cuidados de que o recém-nascido necessitará.
A chegada de um bebê antes do tempo esperado gera, quase sempre, surpresa, angústia e apreensão para todos. Após o nascimento, o bebê prematuro pode precisar passar dias, semanas e até meses na terapia intensiva neonatal, alterando a rotina familiar e trazendo ainda mais insegurança e desafios no apoio aos pais.
Infelizmente, ainda enfrentamos também enormes desigualdades no que se refere às possibilidades e oportunidades de uma adequada assistência à gestante e ao bebê, impactando diretamente os cuidados de terapia neonatal e, consequentemente, o prognóstico de sobrevida e chances de plena recuperação do prematuro.
O novembro roxo busca a conscientização de todos sobre a importância de um cuidado integrado ao prematuro. Com UTIs neonatais mais bem equipadas e preparadas, estímulo ao aleitamento materno, vacinação adequada, terapias de estimulação precoce, prevenção de danos neurológicos e combate às infecções, é possível oferecer plenas condições para que os prematuros possam se tornar adultos capazes e autônomos, exercendo plena cidadania.
Mas, para isso, é preciso reduzir as desigualdades, a começar pela garantia de que toda gestante tenha direito a um pré-natal digno e adequado, prevenindo, assim, muitos nascimentos antes do tempo.
É hora de comemorar, festejar, mas ao mesmo tempo lutar para que nenhuma criança neste país fique para trás.
*Renato de Ávila Kfouri é médico infectologista, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e pediatra, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)