Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês

Letra de Médico

Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Orientações médicas e textos de saúde assinados por profissionais de primeira linha do Brasil
Continua após publicidade

Febre Oropouche: descentralizar diagnóstico é vital para mal em ascensão

No Brasil, já são quase 7 mil casos confirmados da doença. Seus sintomas são semelhantes aos da dengue e sua expansão territorial preocupa autoridades

Por Carolina dos Santos Lázari*
10 jul 2024, 10h19
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A febre Oropouche, transmitida por mosquitos, está se espalhando rapidamente pelo Brasil. De acordo com o último boletim de arboviroses do Ministério da Saúde, foram confirmados 6.973 casos da doença em 2024. Este número representa um aumento alarmante de 739% em relação ao ano anterior.

    A descentralização dos testes de PCR para laboratórios estaduais tem sido um fator crucial para o aumento na detecção dos casos. Desde a década de 1960, a doença era, originalmente, endêmica na região amazônica, mas agora a transmissão local do vírus já é realidade na Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Piauí.

    Os sintomas são muito semelhantes aos da dengue, com febre, dores no corpo, dores musculares e articulares, dor de cabeça, náuseas e, ocasionalmente, vômitos. No entanto, manchas na pele, comuns na dengue, são raras na febre Oropouche. As complicações neurológicas, como meningite e encefalite, embora incomuns, podem ocorrer também.

    A diferenciação entre a Oropouche e outras arboviroses é um desafio, pois os sintomas são compartilhados por várias arboviroses. A Oropouche e a dengue têm dores articulares difusas, sem sinais inflamatórios marcantes, ao contrário da chikungunya e do Mayaro, que costumam causar dores articulares intensas com inchaço e vermelhidão. A confirmação do diagnóstico só é possível por meio de exames laboratoriais.

    Continua após a publicidade

    O diagnóstico inicial é realizado por PCR, que detecta o RNA do vírus até o quinto dia após o início dos sintomas. Após o sétimo dia, a técnica recomendada é a sorologia com pesquisa de anticorpos IgM e IgG. Trata-se de um teste bastante específico, sem reatividade cruzada com outros arbovírus.

    No Brasil, o vírus Oropouche circula em ciclos silvestres e urbanos. No silvestre, mosquitos arborícolas infectam humanos acidentalmente ao picá-los em áreas de mata, com primatas não humanos e bichos-preguiça servindo como reservatórios naturais. No ciclo urbano, os mosquitos adaptados transmitem o vírus de humano para humano. O principal vetor é o mosquito Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora.

    A disseminação do vírus está ligada a fatores como desmatamento e crescimento urbano desordenado. Além disso, o aquecimento global e as mudanças climáticas têm criado condições favoráveis para a reprodução dos mosquitos em novas áreas.

    Continua após a publicidade

    As medidas de prevenção são semelhantes às da dengue, como controle ambiental para evitar criadouros de mosquitos e uso de repelentes e roupas protetoras em áreas de mata. Não há vacina disponível para a febre Oropouche, e o tratamento é focado no alívio dos sintomas, com hidratação e medicação para dor e náuseas.

    Apesar da maioria dos casos terem evolução favorável, a doença pode apresentar recaídas após uma melhora inicial, e as complicações neurológicas, embora raras, podem ser graves, necessitando de cuidados intensivos. O monitoramento da doença e o controle de sua disseminação, especialmente em áreas urbanas, são críticos para evitar epidemias em larga escala.

    * Carolina dos Santos Lázari é médica infectologista e patologista clínica e membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML)

    Continua após a publicidade
    Compartilhe essa matéria via:
    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    1 Mês por 4,00

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.